O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) realizou uma via crucis pelos bairros afetados pela mineração da empresa, que fez com que mais de 60 mil pessoas saíssem de suas casas, em Maceió. A caminhada aconteceu neste domingo (3), com saída da Igreja Batista do Pinheiro.

O ato simbólico protestava pela memória da população atingida. Os manifestantes seguiram até a Igreja Matriz de Santo Antônio, no bairro do Bebedouro.

Para o pastor Wellington Santos, responsável pela Igreja Batista do Pinheiro e um dos organizadores do ato, a via crucis rememorou as vítimas que ainda sofrem com a tragédia. “Foi um momento de silêncio, de protesto, de grito, de choro, de lágrimas”, resumiu.

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Ao descrever o sofrimento das vítimas, o pastor Wellington faz referência ao último ciclo da vida de Jesus, a “Paixão” - como é conhecida a jornada de Jesus de Nazaré desde a sua condenação por Poncio de Pilatos até sua crucificação.

“Foi muito intenso, uma verdadeira Paixão”, lamenta. Para ele, o ato reflete o Cristo representado em cada trabalhador e trabalhadora, morador e moradora”, afirmou, ressaltando a união e solidariedade entre todas as pessoa presentes na caminhada.

O grupo fez uma parada em um local simbólico para os moradores do Pinheiro. A casa do policial civil Ronaldo Dias Cavalcante, que suicidou-se após o afundamento de solo. Para Santos, a atitude de Ronaldo foi mais um ato de protesto contra a Braskem.

O pastor diz que muitas pessoas sofrem com as consequências psicológicas do crime da Braskem, após serem forçadas a deixar suas casas. “É um ato para as vítimas que sofrem até hoje com depressão, com pânico, que utilizam medicação, mas também em nome dos que acabaram tirando suas vidas em decorrência de um crime tão violento”.

O dia escolhido para o início das manifestações marcou o 6° ano do crime da Braskem, que atingiu cerca de 65 mil pessoas de forma direta, nos bairros do Mutange, Pinheiro, Farol, Bom Parto e Bebedouro. Durante o ato ainda estiveram presentes os artistas Mano Di e Andréa Laís.

Mais ações

Ao longo da semana, mais eventos e intervenções estão agendados ainda em forma de protesto contra a mineradora. Começando pela segunda-feira (4), que marca o chamado “Dia D de expressão das vítimas”. Já no dia 5, uma terça-feira, acontecerá o lançamento presencial do livro “Colapso mineral em Maceió” no bairro do Bom Parto. O evento vai contar com a presença de representantes do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração.

Em sequência, na quarta-feira (6) , uma sessão de cinema seguida de debate exibirá o filme “A Braskem também passou por aqui”.A atividade será realizada no Centro Educacional de Pesquisas Aplicadas (Cepa), um dos principais espaços voltados para a educação da América Latina, mas que foi diretamente afetado pela tragédia, com o fechamento de várias escolas.

Na quinta-feira, 7, o MUVB irá até a porta da Prefeitura de Maceió. O município é criticado pelo acordo fechado com a empresa com um valor indenizatório de R$ 1,7 bilhão, sob a alegação de que o acordo prejudica a população. Na sexta-feira, 7, um grupo de mulheres realiza ato em frente ao Tribunal de Justiça, no Centro de Maceió.

O COMIGRAR - Conferência Livre Nacional Migração e Meio Ambiente, promove, no sábado (8), uma discussão na Ufal com o tema: “Deslocados Ambientais no caso Braskem em Maceió”.

Para finalizar a sequência de atos, no dia 13 de março, uma quarta-feira, o grupo realizará um protesto em frente à empresa, em Maceió, na Praia da Avenida, bairro do Trapiche.

*Estagiária sob supervisão