Política
"Plano Diretor está demorando por conta das áreas afetadas pela Braskem", diz vereador
Joãozinho, do MDB, diz que documento seria importante para dar diretrizes para os bairros atingidos pela mineração
O vereador João Gabriel, o Joãozinho (MDB), contestou em entrevista ao Jornal de Alagoas nesta sexta-feira (3) o município de Maceió sobre a demora para entrega do Plano Diretor da cidade à Câmara de Maceió.
Por lei, o Plano deve ser renovado a cada dez anos, mas em Maceió vigora o documento celebrado em 2005 na gestão de Cícero Almeida à frente do município. Em 2015, o então prefeito Rui Palmeira também não o atualizou e a tendência é que o documento continue defasado.
Joãozinho afirmou que a demora da atual gestão municipal em elaborar, construir e entregar o plano se dá pela questão das áreas afetadas pela Braskem, "entregues, em contrato, pelo município à empresa", destaca.
"O plano diretor está demorando por conta disso, e vai ser um instrumento importante para dar uma diretriz para essa área", disse Joãozinho referindo-se aos terrenos, ruas, largos, praças e logradouros que estão dentro da área afetada pela mineração da Braskem.
Ao todo, 5 bairros de Maceió foram desocupados e cerca de 60 mil pessoas passaram por um êxodo dentro da própria cidade, sendo obrigado a deixar as áreas.
Intervenção em áreas públicas
Questionado sobre as intervenções da Braskem como as demolições realizadas em áreas públicas, o vereador Joãozinho afirmou que apesar de não achar correto, não há impedimento legal para a Braskem não demolir ou fazer qualquer outro tipo de ação nas áreas. "Técnicamente a Braskem pagou, eu não acho correto, mas não é ilegal. Ela pagou por uma área, o município vendeu aquela área e agora ela pode fazer agir sobre aquele terreno".
Veja o que diz o acordo celebrado entre Braskem e Município
O Município, por meio de suas Secretarias, demais órgãos da administração direta e entes da administração indireta, compromete-se a:01- Formalizar a quitação de todos os tributos objeto da isenção prevista na Lei municipal nº 6.900/2019, limitado ao período de isenção, abrangendo a totalidade dos imóveis que integram o Mapa de Linhas de Ações Prioritárias - Versão 4, devendo emitir a respectiva Certidão Negativa de Débitos sempre que solicitado. As partes reconhecem que a isenção referida não inclui as taxas para emissão de alvarás de demolição e o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Inter-Vivos (ITBI).
02- Anualmente, considerando as demolições ocorridas, revisar a avaliação do valor dos imóveis que integram o Mapa de Linhas de Ações Prioritárias Versão 4, considerando a circunstância atual dos elementos listados no Art. 99, 51 20 do Lei Municipal nº 4,486, de 28 de fevereiro de 1996 ou outras que venham a substituí-la ou alterá-la, reduzindo a base de cálculo dos impostos incidentes.
03- Com base na legislação municipal vigente, atualizar o cadastro fiscal dos imóveis que integram o Mapa de Linhas de Ações Prioritárias Versão 4 com base no Termo de Desocupação, documento subscrito pelos então possuidores das áreas desocupadas que atesta a transferência à Braskem da posse direta dos imóveis, ou com base em Declaração de Ocupação e Posse da Braskem, instruída com o documento particular ou público firmado com o possuidor ou proprietário anterior.
04- Realizar todos os atos necessários para a transferência da posse e da propriedade dos bens públicos imóveis, em respeito ao interesse público, garantindo a recomposição dos bens de capital do Município abrangidos pelo Mapa de Linhas de Ações Prioritárias Versão 4, inclusive dos bens de uso comum do povo - tais como logradouros em geral, largos, praças, ruas, jardins, parques, calçadas, entre outros, exceto casos específicos em que não haverá transferência de posse ou propriedade para a Braskem, sendo certo que tais exceções igualmente consideradas para fins de compensação são aquelas tratadas no Anexo 3 deste instrumento.
Município debate plano diretor
À Tribuna Independente, o município afirmou que, por meio do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maceió (Iplan), em agosto do ano passado foi formado uma Comissão Especial Mista de Estudo Técnico Preliminar, com o propósito de colaborar para o processo de revisão e atualização do Plano Diretor da cidade.
“Adicionalmente, ao final de 2023, o Iplan divulgou um edital convocando entidades da sociedade civil que desejassem participar do Conselho do Plano Diretor. Atualmente, o processo de reativação desse Conselho encontra-se na fase de análise dos documentos apresentados pelas entidades. Após a homologação, será organizada uma reunião com os interessados para escolher os representantes da sociedade civil no Conselho”, afirmou em nota a assessoria de comunicação da prefeitura.
“O Iplan está comprometido em desenvolver um Plano Diretor que expresse de forma clara e precisa as exigências espaciais e sociais de Maceió. Ressalta-se a importância de que o projeto a ser enviado à Câmara Municipal contemple todas as necessidades identificadas, assegurando que o Plano seja amplamente representativo e atenda aos interesses da comunidade”, acrescentou.
Por fim, a prefeitura informou que Maceió vivencia uma situação singular em relação as demais cidades por conta da tragédia da Braskem e do afundamento do solo nos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.
“Além disso, destaca-se a singularidade da situação de Maceió em comparação com outras cidades. A extração de sal-gema resultou no afundamento e na subsequente desocupação de cinco bairros. Essa circunstância sublinha a necessidade de incorporar visões e políticas externas no Plano Diretor. O objetivo é promover o desenvolvimento urbano de maneira que sejam gerados benefícios tangíveis para o dinamismo da cidade e a qualidade de vida de seus habitantes”, completou.