Política

Fortuna esquecida: PF sem destino para R$ 4 milhões apreendidos com aliado de Lira

Operação mirava desvios de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em Alagoas, envolvendo aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)

Por Redação 10/06/2024 18h06 - Atualizado em 10/06/2024 19h07
Fortuna esquecida: PF sem destino para R$ 4 milhões apreendidos com aliado de Lira
Arthur Lira (PP-AL) - Foto: Câmara dos Deputados

A Polícia Federal (PF) enfrenta dificuldades para cumprir uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a devolução de bens apreendidos durante uma operação. A operação mirava desvios de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em Alagoas, envolvendo aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). 

O impasse envolve R$ 4 milhões encontrados no cofre de uma empresa ligada a Murilo Sergio Jucá Nogueira Junior, policial civil e empresário, durante a Operação Hefesto, em junho de 2023. Esse dinheiro está depositado em uma conta judicial desde setembro do ano passado, sem que ninguém tenha reivindicado a quantia. 

A operação foi anulada pelo ministro Gilmar Mendes, que ordenou a destruição das provas e arquivou o inquérito. A decisão foi baseada no argumento de que a Justiça Federal de Alagoas não tinha competência para conduzir a investigação, que deveria ser remetida ao STF devido ao envolvimento de autoridades com foro privilegiado, como Arthur Lira e o deputado Gilvan Máximo (Republicanos-DF). 

O dinheiro, em tese, deveria ser devolvido ao dono após a anulação da operação. No entanto, a origem dos valores não foi comprovada, o que impede que sejam reclamados pelos envolvidos. Segundo fontes da PF, essa falta de comprovação é o principal motivo pelo qual o dinheiro permanece na conta judicial. 

O caso ficou conhecido como “kits robóticos” e envolveu um esquema de direcionamento de licitações para a Megalic, empresa de um aliado de Lira, que teria desviado R$ 8,1 milhões do FNDE. A investigação foi interrompida após a decisão de Gilmar Mendes. 

Entre as provas colhidas pela PF estavam áudios obtidos do celular de Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira. Esses áudios nunca foram divulgados publicamente, pois o caso tramitava em sigilo. 

Apesar da suspeita de origem ilícita do dinheiro, o Ministério Público Federal não pediu a abertura de uma nova investigação. A possibilidade de uma nova investigação é pequena, dado que o inquérito foi arquivado e as provas foram anuladas. 

Assim, os R$ 4 milhões continuam sem destino definido, aguardando uma solução que parece distante.