Política
JHC torra R$ 1,2 milhão com Gusttavo Lima, cachê recorde em meio a crise na cultura local
Um dia após artistas locais protestarem contra falta de pagamentos; prefeitura publicou em Diário Oficial cachê milionário para o cantor goiano
A administração de João Henrique Caldas, o JHC (PL), na prefeitura de Maceió, parece estar mais preocupada em bater recordes de gastos com entretenimento de grandes atrações nacionais do que em atender às necessidades urgentes da população. A mais recente demonstração de descaso com os recursos públicos é a contratação do cantor sertanejo Gusttavo Lima por impressionantes R$ 1,2 milhão, superando o valor de R$ 980 mil pago no ano passado para o mesmo artista.
O show está agendado para o dia 23 de junho, durante o São João Massayó 2024, um evento que promete consumir mais de R$ 22 milhões dos cofres públicos entre cachês, montagem de estrutura e divulgação. Enquanto isso, a cidade enfrenta inúmeras dificuldades econômicas e sociais que poderiam ser aliviadas com uma gestão mais criteriosa dos recursos públicos.
Em um momento em que muitos artistas locais relatam atrasos nos pagamentos e falta de suporte para a cultura regional, o cachê de Gusttavo Lima levanta sérias questões sobre as prioridades da administração de JHC. O aumento de mais de 20% em comparação ao valor pago no ano anterior, sem qualquer justificativa plausível, só agrava a percepção de desperdício e falta de transparência.
Recorde de gastos
O contrato de R$ 1,2 milhão, o maior já registrado pela prefeitura para um único artista, é apenas a ponta do iceberg de uma série de decisões questionáveis na gestão dos recursos públicos em Maceió. No ano passado, a prefeitura gastou cerca de R$ 16,4 milhões apenas com cachês para o São João, valor que deve ser superado este ano com a contratação de mais artistas de renome nacional.
Gusttavo Lima, que em 2023 recebeu o equivalente a R$ 8 mil por minuto durante seu show, agora receberá cerca de R$ 10 mil por minuto, um valor que destaca ainda mais a disparidade entre os investimentos em megaeventos e o suporte aos artistas locais, que continuam lutando para receber seus pagamentos em dia.
Até o momento, apenas quatro contratos foram divulgados pela FMAC, totalizando cerca de R$ 2,2 milhões em cachês. Além de Gusttavo Lima, Luan Santana receberá R$ 700 mil, Raphaela Santos R$ 250 mil e Zé Neto R$ 35 mil. A falta de transparência nos processos de contratação e a ausência de justificativas claras para os elevados gastos só reforçam a percepção de que a gestão de JHC não está comprometida com uma administração responsável e transparente.
Crise cultural ignorada
Enquanto os gastos com o São João ultrapassam os R$ 20 milhões em 2023 (cachês mais estrutura), a cultura local continua sofrendo. Artistas locais e organizações culturais enfrentam dificuldades para obter financiamento e apoio, com muitos relatando atrasos nos pagamentos e a falta de diálogo com a administração. A gestão de JHC, ao priorizar eventos de grande porte e altos cachês, parece ignorar as necessidades básicas da comunidade artística local, que é fundamental para a identidade cultural de Maceió.
Artistas alagoanos protestaram nessa terça-feira, 11, na sede da Prefeitura de Maceió, carregando um caixão que simboliza a “morte” da cultura sob a gestão do prefeito João Henrique Caldas (JHC) (PL). Com faixas que diziam “A cultura alagoana pede respeito” e “Ser artista em Maceió não é massa”, os manifestantes pediram melhorias urgentes no setor cultural, alegando que o governo municipal vem falhando em suas promessas e atrasando pagamentos, alguns com até um ano de atraso desde o São João de 2023.
A extravagância com a contratação de Gusttavo Lima é apenas mais um exemplo de como a administração de JHC está alheia às reais necessidades da população e à importância de uma gestão mais criteriosa e transparente dos recursos públicos.