Política

Após “crise”, Paulo Dantas e Paulão trocam elogios: “gratidão”

capital.Paulão chegou a dizer que o PT deixaria o governo de Paulo Dantas, se houver alguma pressão para o partido apoiar a chapa majoritária do MDB

Por Blog de Edivaldo Junior 25/06/2024 04h04
Após “crise”, Paulo Dantas e Paulão trocam elogios: “gratidão”
George Clemente (prefeito), Paulão e Paulo Dantas durante evento em São Miguel dos Campos. - Foto: Reprodução

O governador Paulo Dantas (MDB) e o deputado federal Paulão (PT-AL) estiveram no centro de uma polêmica na semana passada, um verdadeiro imbróglio alimentado em grande parte por declarações na imprensa e muitas especulações – além de uma boa fofoca, claro.

Antes mesmo de ter uma conversa com o governador sobre o cenário das eleições em Maceió, o deputado deu entrevista ao CMCast, podcast do Cada Minuto, na segunda-feira da semana passada (17/04), descartando uma aliança com o MDB na capital.Paulão chegou a dizer que o PT deixaria o governo de Paulo Dantas, se houver alguma pressão para o partido apoiar a chapa majoritária do MDB.

As declarações vieram em meio a críticas — respondidas em discurso na Assembleia Legislativa — ao deputado estadual Ronaldo Medeiros e a Renan Calheiros.

As afirmações dele, especialmente contra o senador, que é reconhecido como um dos maiores aliados do PT em Alagoas e no Brasil, não caíram bem, ainda mais porque a maioria dos políticos de Alagoas avalia que Renan ajudou a "salvar" o mandato do deputado em mais de uma ocasião.

Na sequência, o governador Paulo Dantas viajou para Brasília na quarta-feira (19/06) e lá foi ao encontro de Paulão. Após uma boa conversa, pautada na filosofia de que ‘mais importante é o que nos une do que o que nos separa’, a temperatura baixou, lado a lado.

Nesse domingo (23/06), Paulo Dantas e Paulão voltaram a se encontrar, numa verdadeira maratona. Começaram o dia “comendo cuscuz com ovo em Batalha”, depois cumpriram agenda em Palmeira dos Índios, Arapiraca e São Miguel dos Campos, para o lançamento do programa Escola do Coração, construção de novos campi da Uneal e lançamento de concurso público para professores universitários.

No final da agenda, em São Miguel dos Campos, a troca de elogios aponta para um entendimento entre o PT de Paulão e o MDB de Paulo Dantas.

Paulão falou primeiro. “Paulo, a palavra de ordem é gratidão, a tua capacidade. Paulo me visitou lá em Brasília (faz um comentário longo para elogiar a participação feminina no governo de Alagoas)” e na sequência emenda: “a agenda do Paulo é uma agenda do bem. Ele não é um governador que fica com picuinha, com ciúme, ele consegue ter projetos estratégicos, ele discute causa e causa que une as pessoas. Na idade que você tem, na sua jovialidade, você está mudando um paradigma fundamental da sociedade”, apontou.

Recíproco

O governador devolveu os elogios: “Conto com meu amigo pessoal, querido, deputado Paulão, que prioriza a educação. Paulão abre portas em Brasília, coloca emendas para elevar o nível da educação em Alagoas, em todas as suas esferas. É um orgulho trabalhar ao seu lado, você que defende as mesmas bandeiras que eu defendo, você que valoriza as mulheres, a comunidade quilombola, a comunidade indígena, o agricultor familiar, valoriza as pessoas que mais precisam do seu mandato, é uma honra, Paulão, trabalhar ao seu lado. Muito obrigado”, disse o governador.

Enigmático

Num estilo de quem quer resolver as coisas “sem briga”, Paulo Dantas aproveitou o discurso para mandar recados, sabe-se lá para quem.

“Temos que conviver com todo mundo respeitando a posição um do outro. Ninguém precisa concordar com Paulo Dantas, ninguém precisa pactuar com as ideias do Paulão, mas todo mundo tem que respeitar, assim como nós temos que respeitar a posição do outro. E a gente quer a sociedade assim, que dialogue, que tenha a capacidade, mesmo pensando diferente, de tentar encontrar um consenso, encontrar convergência para que a gente tenha condição, unindo esforços, de fazer um grande trabalho. O que eu quero é isso”, apontou o governador.

Ou seja, Paulo Dantas acena com um entendimento muito mais amplo. Não é só o PT. Mas essa é outra história.