Política
"Silenciamento": Lideranças religiosas são intimadas três anos após ato contra a Braskem
Pastor, pai de santo e cônego da Igreja Católica receberam intimação em processo de autoria da empresa mineradora por suposta "ameaça", durante ato em 2021
Lideranças políticas, religiosas e comunitárias foram intimadas na última semana pela Justiça em um processo que tem a Braskem - empresa responsável pelo afundamento de solo em cinco bairros de Maceió e que retirou cerca de 60 mil pessoas de suas casas - como autora. O documento versa sobre um possível Interdito Proibitório - esbulho/turbação/ameaça, dentro do processo que discute a legalidade de um ato inter-religioso realizado na porta da empresa, em dezembro de 2021.
Em suas redes sociais, o líder religioso, pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro, demonstrou surpresa ao receber a intimação. ‘’É chocante ser ‘intimado’ por quem vem causando destruição ambiental, humana e material, que colocou em ruína 20% da área urbana da cidade”, relatou.
Além do pastor, o Cônego Walfrane e o Pai Célio, além do deputado Ronaldo Medeiros (PT), todos presentes na manifestação de quase três anos atrás, foram intimados.
Ao Jornal de Alagoas, o pastor descreveu o protesto realizado como pacifico. "Nós realizamos um ato em dezembro de 2021, um protesto pacífico, interditamos as entradas da Braskem, porque queríamos nos manifestar, denunciar o crime. Colocamos uma urna funerária na porta, à época, para denunciar os 14 suicídios, que agora já são 16’’, apontou Wellington.
Para a liderança, a ação da Braskem é uma tentativa de silenciar e ameaçar representantes e moradores que sofrem com o desastre causado pela mineradora.
“É um ato que ameaça sim, as ameaças e as intimidações judiciais são utilizadas pelos poderosos, silencia a imprensa, silencia ativistas. A Braskem diz que se sentiu ameaçada, olha que ironia''.
Deputado responde
À reportagem, o deputado Ronaldo Medeiros confirmou o recebimento da intimação e também afirmou que o ato de 2021 foi pacífico. "Foi uma manifestação, em 2021, que contou com cerca de 300 pessoas. Saímos do Vergel e fomos até a entrada da Braskem. Fizemos algumas falas e fomos embora. Não houve qualquer incidente, nada. Tudo ocorreu de forma ordeira e pacífica", resumiu.
No plenário da Assembleia Legislativa, ainda na última semana, Medeiros fez duras críticas à mineradora.
“Esta é uma empresa que maltrata e que destruiu vidas. Uma empresa que provocou o maior crime ambiental em área urbana e que agora resolve dizer que eu sou uma ameaça”.
Braskem responde
O Jornal de Alagoas procurou a assessoria de comunicação da Braskem para obter mais esclarecimentos, mas até o momento não obteve respostas. O espaço está aberto para atualização.
*Estagiário