Política
Rafael Brito diz que Braskem se sente "isenta de qualquer crime" após acordo com prefeitura
Parlamentar alagoano defendeu lideranças intimadas pela Justiça após ação da mineradora e prometeu fazer um pronunciamento na Câmara Federal
O deputado federal por Alagoas, Rafael Brito (MDB), afirmou ser um absurdo que a Braskem tenha entrado na justiça contra líderes de movimentos religiosos e políticos em Maceió que defendem as vítimas do afundamento de solo causado pela empresa na cidade.
O parlamentar, pré-candidato a prefeito de Maceió, afirmou que a mineradora foi legitimada a esse tipo de atitude após o acordo celebrado com a prefeitura.
"Esse acordo faz com que a Braskem, nesse momento, se sinta isenta de qualquer crime e não se preocupe mais em resolver a vida das pessoas", disse Brito.
Ele prestou solidariedade ao líder do Movimento Unificado de Vítimas da Braskem (MUVB), Maurício Sarmento, uma das pessoas intimadas na ação da mineradora e a "todas as vítimas que estão protestando lutando em nome das pessoas e sendo processadas nesse momento é por essa empresa criminosa", acrescentou.
O deputado prometeu ainda fazer um pronunciamento na Câmara Federal contra o que ele classificou como "mais esse absurdo que a empresa está cometendo".
O que aconteceu?
Na última semana, a Justiça de Alagoas intimou lideranças políticas e religiosas que participaram de um ato contra a empresa em 2021. Entre os réus da ação estão nomes como Pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro, Cônego Walfrane, Pai Célio e o deputado estadual petista Ronaldo Medeiros.
Ao Jornal de Alagoas, o pastor Wellington classificou a ação como uma tentativa de intimidação.
Para a liderança, a ação da Braskem é uma tentativa de silenciar e ameaçar representantes e moradores que sofrem com o desastre causado pela mineradora.
"Nós realizamos um ato em dezembro de 2021, um protesto pacífico, interditamos as entradas da Braskem, porque queríamos nos manifestar, denunciar o crime. Colocamos uma urna funerária na porta, à época, para denunciar os 14 suicídios, que agora já são 16’’, apontou Wellington.
“É um ato que ameaça sim, as ameaças e as intimidações judiciais são utilizadas pelos poderosos, silencia a imprensa, silencia ativistas. A Braskem diz que se sentiu ameaçada, olha que ironia'', acrescentou.
Protesto à distância
A empresa responsável pelo afundamento do solo em cinco bairros de Maceió solicita em um acordo a proibição de qualquer manifestação contra a petroquímica em um raio de 10 km da empresa.
É possível verificar a provável distância que estaria impedida de receber manifestações. A sede da Braskem fica na Av. Assis Chateaubriand, no Pontal da Barra até a Av. Gov. Afrânio Lages, na Mangabeira, ou na Av. Fernandes Lima, próximo do Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa), é calculado aproximadamente 9,6 km. Ou seja, até o bairro de Mangabeiras e farol, não poderiam ser realizados atos contra a mineradora.