Política
JHC usa obra da Braskem para ‘confrontar ministro’ Renan Filho em Maceió
A reação dos dois pré-candidatos a prefeito de Maceió foi completamente adversa. Rafael Brito postou vídeo no Instagram, destacando a importância do Arco Metropolitano para melhorar o trânsito caótico da cidade
O ministro dos Transportes, Renan Filho anunciou, nessa quinta-feira (4), a publicação do edital para a construção do “Arco Metropolitano de Maceió”, uma obra estimada em R$ 240 milhões que promete melhorar o trânsito, especialmente de veículos pesados, nas principais vias de acesso à capital de Alagoas.
O anúncio do ministro foi feito na sede do DNIT, em Maceió, ao lado do líder do MDB na Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões Jr. e do deputado federal Rafael Brito (MDB-AL), pré-candidato à prefeitura da capital, que desponta como principal adversário do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), que vai disputar a reeleição.
A reação dos dois pré-candidatos a prefeito de Maceió foi completamente adversa. Rafael Brito postou vídeo no Instagram, destacando a importância do Arco Metropolitano para melhorar o trânsito caótico da cidade. “Estive hoje com o ministro Renan Filho para a assinatura da ordem de serviço da construção do Arco Metropolitano, uma das grandes obras de mobilidade urbana da nossa capital”, disse.
O deputado reforçou que serão construídas vias duplas entre a rodovia que liga o Polo de Marechal e a entrada do Benedito Bentes, incluindo viadutos. “Isso melhora de verdade a qualidade de vida na nossa cidade”, afirmou.
Já o prefeito de Maceió, não apenas ignorou a iniciativa do governo federal na construção de uma obra que vai beneficiar a cidade, como tentou ofuscar o anúncio feito pelo ministro Renan Filho. Quatro horas depois de vídeo postado por Renan Filho e Renan Filho nas redes sociais sobre o Arco Metropolitano, JHC anunciou o “lançamento” da Linha Verde.
“Mais uma obra gigante! Comunico a ordem de início da LINHA VERDE! Uma grande via de conexão na Parte Alta que vai ligar as avenidas Menino Marcelo e Durval de Góes Monteiro, começando na Tupan até a Via Expressa passando pela Santa Lúcia”, disse o prefeito no X e no Instagram.
No seu Instagram oficial, o prefeito informou “serão R$ 144 milhões investidos sendo: 2 pontes, 100% pista dupla, canteiro central, ciclovia, passeio, iluminação em LED, paradas de ônibus, rotatória com ciclovias, áreas para pedestres, rede de drenagem e novas linhas de ônibus”.
O problema é que o prefeito JHC entra em contradição. Embora tenha anunciado o “início” da obra, ele aparece em vídeo, numa postagem seguinte no Instagram, mostrando a obra já em execução. Na verdade, o prefeito parece “requentar” o projeto para tentar “abafar” o Arco Metropolitano. Em 10 de fevereiro de 2023, JHC, em visita que ele fez ao canteiro de obras da MTSUL na Avenida Durval de Gois Monteiro, anunciou que a obra da “Linha Verde” já estava em execução.
Pior, o início da construção da nova via, que terá 2,37 KM, foi autorizado no dia 6 de setembro de 2022. O prefeito estranhamente deu ordem de serviço no início do “Plano de Mobilidade”, que contempla ainda o alargamento das avenidas Durval de Gois Monteiro e Menino Marcelo, com custo total de mais de R$ 360 milhões.
As obras, no entanto, não são da prefeitura. Na verdade, as construções são de responsabilidade da Braskem, a partir de um acordo socioambiental assinado inicialmente com MPF e MPAL e que contou com a adesão da prefeitura de Maceió em julho de 2022.
Após a adesão da prefeitura, mais um fato estranho. O projeto inicial de mobilidade sofreu várias alterações, especialmente na empresa responsável pela sua execução. A Braskem, depois da adesão do prefeito JHC ao acordo, contratou a MTSUL, empresa de Cuiabá (MS), mesma cidade de origem da mulher do prefeito, a primeira-dama Marina Candia e do pai dela, Mário Candia, que também atua no ramo de construção.
Alguns vereadores de oposição chegaram a questionar o “conflito” de interesses na contratação da MT. A Braskem, no entanto, se limitou a dizer que fez o contrato dentro das normas da empresa e que as obras estão sendo realizadas de acordo com orientação da gestão do prefeito JHC.
Titular e dono
Em ofício de resposta a pedido feito pelo vereador Joãozinho Gabriel, a Braskem deixa exposto que a escolha das empresas contratadas para a execução da “linha verde” foi feita a partir de alinhamento com o “titular e dono” das ações, a prefeitura de Maceió.
“A Braskem ratifica o compromisso assumido no Termo de Adesão Parcial, os quais estão sendo integralmente cumpridos pela Companhia com a aprovação dos projetos executivos, cronograma e acompanhamento do Município de Maceió, titular e dono das ações de Mobilidade Urbana pactuadas no acordo judicial.”, diz trecho do ofício.
Suspeitas
Além do conflito de interesses na participação da MTSUL na execução das obras, vereadores de oposição denunciaram que a Prefeitura de Maceió pagou R$ 30 milhões à Construtora Lima Araújo, (atualmente chamada Vortex Engenharia), por dois terrenos localizados no bairro do Antares, área em que está sendo construída a “Linha verde”, entre as Avenidas Durval de Góes Monteiro e Avenida Menino Marcelo.
A empresa, de acordo com parlamentares, pertence a “aliados” do prefeito JHC. Segundo levantamento dos vereadores Kelmann Vieira e Joãozinho Gabriel, realizado em novembro de 2023, o valor é quase R$ 10 milhões acima do previsto para desapropriação de áreas desse tipo, segundo a tabela que consta no acordo de adesão entre a Prefeitura de Maceió e a Braskem.
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