Os principais veículos de Alagoas repetiram a “boa nova” na sexta-feira (05/07). O prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), anunciou mais um “gigante”: a “maior obra de mobilidade urbana da história de Alagoas”, o BRT. O anúncio, no entanto, se limitou a alguns gráficos, um vídeo institucional e a discursos recheados de adjetivos.

O que faltou o prefeito JHC e sua equipe dizer ou mostrar:

- Quando será realizada a audiência pública

- Quando será aprovado o Plano de Mobilidade Urbana de Maceió

- Quando será enviado o projeto de lei para a Câmara Municipal de Vereadores

- Quando será apresentado o projeto executivo

- Quando será publicado o edital de licitação

- Quando a obra vai começar e terminar

- Qual ou quais empresas vai ser a responsável pela concessão

No papel, dizem, cabe tudo. Mas o BRT de Maceió ainda precisa de muito para chegar ao papel. No Diário Oficial do Município não foi publicado nenhum documento oficial sobre o BRT, além da criação de uma comissão na DMTT. Nada também no Portal da Transparência que remeta a aviso, chamamento, edital ou coisa do tipo.

A Pacerias Maceió, sob coordenação da Semaemi, tratou do tema, autorizou a criação de um Grupo de Trabalho para analisar a "Prorrogação do Contrato de Concessão de Transporte Público como contrapartida para amortizar a inclusão de novos investimentos e/ou expurgar o passivo regulatório atrelado a desequilíbrios pretéritos" e "A concessão versa sobre o transporte público no município de Maceió e o projeto do BRT é para o trecho que vai do Terminal da UFAL até a Praça Centenário".

Para começar a rodar, o BRT vai precisar de muito mais do que boa vontade. E nesse caso, ao que parece, há de fato boa intenção do prefeito e de toda a equipe. O projeto inicial é concebido por uma assessoria experiente, a Oficina Consultores, que antes representava os interesses das empresas de ônibus de Maceió. Existem vários órgãos envolvidos (Semaemi, Gabinete Civil e DMTT etc). Mas não basta boa intenção para tirar do papel um projeto que, segundo JHC, é estimado em R$ 2 bilhões.

Ao prefeito e à sua equipe, deixo o espaço aberto para que tirem todas as dúvidas, para que enviem o projeto executivo, os editais e todos os documentos, que farei questão de publicar. Do contrário, o BRT Maceió correrá o risco de, ao menos por enquanto, virar apenas uma peça de marketing eleitoral.

O Projeto

De acordo com texto distribuído pela prefeitura de Maceió, o sistema de transporte público da cidade, utilizado por mais de 600 mil pessoas, passará a contar com o BRT, um investimento de mais de R$ 2 bilhões “para garantir agilidade, conforto e velocidade nos deslocamentos na capital”.

Segundo a prefeitura, serão 14,5 km de faixa exclusiva para os ônibus do BRT Maceió no principal corredor de transportes da capital, formado pelas avenidas Lourival de Melo Mota, Durval de Góes Monteiro e Fernandes Lima. O espaço ficará à esquerda da via, junto ao alinhamento do canteiro central.

O sistema contará com nove linhas saindo do Terminal de Integração do BRT - Eustáquio Gomes, Benedito Bentes, Clima Bom e Chã da Jaqueira, além de 63 linhas alimentadoras, com saídas programadas para todos os bairros da cidade. Durante o percurso, os ônibus irão passar por todas as 23 estações do BRT, com intervalo médio de 5 minutos entre as viagens.

"Com o BRT, o usuário do transporte público em Maceió terá sua experiência otimizada. Ele sairá do bairro em uma das alimentadoras, desembarcará e seguirá para a estação equivalente ao seu ponto de parada e em menos de 5 minutos terá um veículo à disposição", explica André Costa, diretor-presidente do DMTT.

Realidade

Apesar das promessas "girantes", a realidade atual do projeto do BRT em Maceió apresenta um contraste preocupante. A falta de transparência e de ações concretas, como a ausência de publicações no Diário Oficial e no Portal da Transparência, levanta sérias dúvidas sobre a viabilidade e o compromisso com a execução do projeto.

Sem um Plano de Mobilidade Urbana aprovado e sem o cumprimento dos passos essenciais para a realização da obra, o anúncio pode ser visto mais como uma estratégia de marketing político do que uma iniciativa concreta para melhorar a mobilidade urbana na capital alagoana.

Para que o BRT de Maceió saia do papel e se torne uma realidade que beneficie a população, administração municipal precisa dar luza a todas as etapas necessárias do projeto. Quanto mais transparência, melhor. Até lá, o projeto corre o risco de ser lembrado apenas como mais uma promessa não cumprida.