Políticos falam mal, criticam adversários durante uma eleição, mas no pleito seguinte podem estar juntos. Esse é um fenômeno relativamente comum em Alagoas.

Um exemplo claro dessa dinâmica é a trajetória do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), que transformou aliados de sua eleição em 2020, como Ricardinho Santa Rita e Davi Maia, em adversários.

Paralelamente, JHC se uniu a antigos opositores, como Alfredo Gaspar de Mendonça e Davi Davino Filho.

Não só ele, claro. Renan Calheiros, Ronaldo Lessa, Téo Vilela, Rui Palmeira, Cícero Almeida, entre tantos outros tiveram trajetórias parecidas.

Volatilidade

Diante deste cenário, fica a dica: você, eleitor, ao pensar em votar nas próximas eleições, deve estar ciente de que as coisas mudam rapidamente na política. As críticas e ataques entre candidatos podem se transformar em alianças no futuro. Não só em Alagoas, mas em todo o Brasil, essa dinâmica é bastante comum.

Veja o caso de Ricardinho Santa Rita, um administrador e empresário que foi secretário de Turismo de JHC e um dos principais articuladores de sua campanha em 2020. Ao lado de Davi Maia e do então vice-governador Ronaldo Lessa, Ricardinho foi fundamental para a vitória de JHC. Hoje, no entanto, todos eles estão fora da gestão e se tornaram críticos, tratados como opositores pelo prefeito.

Enquanto antigos aliados se afastaram, JHC se aproximou de adversários históricos. Alfredo Gaspar de Mendonça, que foi seu rival nas eleições, agora faz parte da administração municipal. Da mesma forma, Davi Davino Filho e Artur Lira, que antes estavam em lados opostos, hoje têm indicações em importantes cargos na prefeitura.

Cada eleição traz uma nova configuração de alianças. Ricardinho Santa Rita recentemente fez uma declaração polêmica, sugerindo que JHC poderia buscar um acordo com Renan Calheiros para tentar eleger a mãe do prefeito, Eudócia Caldas, para o Senado em 2026.

Esse cenário indica a possibilidade de JHC rifar a aliança com Artur Lira, um movimento que poderia reconfigurar o cenário político local.

Estratégias

JHC pode, por exemplo, escolher Rodrigo Cunha como seu vice, o que garantiria que sua mãe assumisse a vaga no Senado por dois anos, preparando-se para uma futura candidatura. Esse movimento tem o potencial de estremecer a relação com Lira e abrir espaço para novas alianças, talvez com o grupo do governador Paulo Dantas.

Esse tipo de rearranjo é comum na política. Veja o caso do prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa. Em 2020, ele se candidatou pelo MDB, rompido com o governador Renan Filho e o senador Renan Calheiros. Barbosa formou uma aliança com Artur Lira, que ainda perdura. Contudo, com a proximidade das eleições de 2026, Barbosa tende a se aliar com Lira, Renan ou Paulo Dantas, dependendo das circunstâncias.

Foco no candidato

Diante destas observações, um conselho: eleitor, não se deixem levar apenas pelas alianças e críticas desta campanha. Foquem na história, caráter e propostas dos candidatos. Independente das alianças que formem, é essencial avaliar quem eles são e o que propõem para a cidade.