Alagoas está provavelmente prestes a testemunhar uma “revolução” tecnológica similar à que transformou o polo de tecnologia de Jaraguá, em Maceió, num modelo de sucesso.

De um equipamento que tinha tudo para não funcionar, o Centro de Inovação de Jaraguá virou um “case” da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação.

O projeto em Jaraguá se arrastava desde o governo de Teotônio Vilela Filho (2007/2014) e só foi concluído no governo de Renan Filho (2015/2022). A inauguração, em outubro de 2021, foi cercada de dúvidas. Afinal, não existia um modelo que tornasse viável o equipamento, que começou a funcionar com menos da metade do espaço disponível ocupado.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Sílvio Bulhões, apostou num modelo inédito no Estado. O Centro passou a funcionar em um modelo de condomínio numa gestão compartilhada com uma fundação universitária, com atrativos como a internet mais rápida de Alagoas e portas abertas 24 horas para estudo, coworking, eventos e até home office. O Centro tem ainda plataformas que oferecem a preparação de mão de obra qualificada em tecnologia, a partir de treinamentos e de capacitação em plataformas como a Oxetech, além de salas para o funcionamento de empresas do setor.

Agora, o mesmo modelo – ou sua adaptação – está sendo aplicado aos polos agroalimentares. O estado conta com duas unidades desse tipo: uma já em funcionamento em Arapiraca, no agreste do estado, e outra que ainda não está em operação, em Batalha, no sertão alagoano.

“O desafio do governador Paulo Dantas é ampliar o Centro de Inovação em Jaraguá, para atender a uma demanda crescente. Já conseguimos preparar para o mercado de trabalho mais de três mil alunos. Agora, com os polos agroalimentares, o foco é a pesquisa e a prestação de serviços especializados para atender o setor agropecuário do Estado, especialmente a agricultura familiar”, aponta Sílvio Bulhões.

Centro de Inovação de Jaraguá, um modelo de gestão que deu certo. Reprodução

A Experiência de Jaraguá

O sucesso do Centro de Inovação e Polo Tecnológico (CIPT) de Jaraguá, em Maceió, serve de inspiração. Inaugurado em 2021 e administrado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado (Secti), o CIPT transformou-se em um hub tecnológico, combinando arquitetura histórica com modernidade tecnológica. Com mais de 6 mil metros quadrados de área construída, o centro possui 42 salas, 150 estações de trabalho, auditório para 350 pessoas e a melhor internet de Alagoas. O local se tornou um dos mais disputados espaços empresariais do estado, com uma fila de espera de mais de 100 empresas.

Polos Agroalimentares

Sílvio Bulhões diz que o mesmo modelo que deu certo em Jaraguá está sendo replicado nos polos agroalimentares. “Isso vai dar, assim como deu aqui no polo tecnológico de Jaraguá, um alicerce muito grande para os produtores, assim como aqui no Centro de Inovação para os empresários”, destaca o secretário.

Já em funcionamento, o polo agroalimentar de Arapiraca, em parceria com a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), realiza pesquisas voltadas para o agro, especialmente para a agricultura familiar. “Fazendo pesquisa, extensão, voltada ao agro, especialmente para agricultura familiar, com foco em horticultura e fruticultura, estamos dando uma atenção especial ao crescimento da carcinicultura em Alagoas”, afirma Bulhões.

Esses esforços garantem que pequenos e médios produtores possam se desenvolver com o suporte tecnológico fornecido pelos centros de pesquisa.

Em Batalha, o polo agroalimentar será focado na produção de leite, uma cadeia produtiva em constante desenvolvimento no estado. Com a operação do novo polo, o objetivo será potencializar a produção através de pesquisas e suporte direto ao produtor. “Precisamos dar suporte na análise de leite e alimentos, gerando conhecimento através das pesquisas que serão desenvolvidas nesses polos agroalimentares”, explica Bulhões.

Com a aplicação de tecnologias e pesquisas avançadas, o trabalho dos produtores é mais assertivo. Para Bulhões, construir um conhecimento mais aprofundado e conduzir pesquisas faz com que as cadeias produtivas possam avançar em Alagoas.

“A produção do conhecimento é fator primordial para que as cadeias produtivas possam avançar. Estamos nos propondo a construir esse conhecimento, conduzir pesquisas e experimentos nos centros de referência, integrando isso aos serviços de assistência técnica do estado”, destaca o secretário.

O CIPT de Jaraguá exemplifica como um planejamento bem-feito pode transformar um espaço em um polo de inovação. Desde sua efetiva utilização em 2023, o centro tem sido frequentado por profissionais de tecnologia e inovação, estudantes e mais de 100 empresas na fila de espera. O centro também oferece serviços gratuitos como coworking e eventos voltados para a comunidade.

Para Bulhões, a “experiência bem-sucedida de Jaraguá serve como exemplo para os novos polos agroalimentares de Alagoas. Combinando tecnologia, pesquisa e suporte direto aos produtores, esses centros prometem transformar a produção rural no estado, seguindo o exemplo de inovação e crescimento observado no CIPT de Jaraguá”, aponta.