Política
2º pior IDEB entre as capitais, gestão JHC teve 4 secretários de educação em 3 anos
A inconsistência na chefia do órgão prejudica o alunado maceioense e trava processos que poderiam auxiliar no avanço de um dos principais gargalos de desenvolvimento em Maceió
A Secretaria Municipal de Educação (Semed) de Maceió enfrenta o desafio de coordenar o ensino para 60 mil alunos da rede municipal, que dividem-se em 150 escolas espalhadas pela capital. Com quatro diferentes secretários desde o início da gestão do prefeito de Maceió JHC (PL), o resultado tem sido catastrófico e Maceió amarga a segunda pior colocação no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica, o IDEB, que mede a qualidade no ensino brasileiro.
Passaram pela Semed, desde que JHC assumiu o cargo, em janeiro de 2021, os secretários Helder Maia, Luiz Rogério Neves Lima, interinamente, por três meses, Jó Pereira e o atual titular da pasta Victor Soares Braga.
A inconsistência na chefia do órgão prejudica o alunado maceioense e trava processos que poderiam auxiliar no avanço de um dos principais gargalos de desenvolvimento em Maceió. São várias as denúncias sobre a infraestrutura das escolas da capital, que teve ainda ameaça de greve de professores durante a gestão e problemas no transporte dos estudantes.
Uma das principais unidades educacionais de Maceió é o grande reflexo da má gestão da educação de Maceió. A Escola Padre Brandão Lima, antes localizada no bairro do Pinheiro, foi transferida para o Benedito Bentes, a cerca de 10km de distância, após o afundamento de solo causado pela mineradora Braskem.
Reformada em 2022 no espaço onde funcionava uma faculdade particular, a escola foi visitada pelo jornal Folha de São Paulo, que observou in loco as péssimas condições do local, que não possui auditório, quadra de esportes e sequer um refeitório. Pasmem, os alunos comem na sala de aula.
Alugado, o espaço não comporta todos os estudantes, que dividem-se em turnos. "Há apenas um banheiro masculino e um feminino para atender os cerca de 190 alunos.A cozinha é improvisada, com um fogão velho e uma despensa onde não raro aparecem ratos, apesar de dedetizações trimestrais. As aulas de educação física acontecem em um campo aberto, sem nenhum tipo de proteção contra o sol".
O sistema de ar-condicionado da escola foi instalado em 2023, mas nunca entrou em funcionamento por falta de fiação e tomada. Um dos elevadores se tornou depósito, com materiais de limpeza, vassouras e rodos adornando o que seria a cabine de transporte.Os professores, que reclamam dos baixos salários, afirmam que tiram recursos do próprio bolso para comprar adornos e cartolinas para tornar as aulas mais atrativas para as crianças.
À Folha, a prefeitura de Maceió disse que o resultado dos indicadores é consequência da pandemia, que manteve a maioria dos estudantes em aulas remotas e aponou que o impacto foi mais significativo nos anos iniciais do ensino fundamental, por conta das dificuldades no trabalho remoto com crianças. O municípiop citou ainda suspensão de aulas e evasão de estudantes de algumas unidades de ensino que tiveram que ser fechadas e posteriormente realocadas por estarem nos bairros afetados pelo afundamento do solo na capital. Para modificar este cenário, a prefeitura diz que tem investido em ações para a recomposição de aprendizagem, avaliações externas, ampliação da rede de ensino em tempo integral e aumento da oferta de material didático para estudantes e professores. Também cita a criação de programas como o Alfabetiza Maceió e o Conquista Maceió, com foco na recomposição da aprendizagem.