Política
Gaspar e Fábio Costa: “Defensores da Lei” saem em defesa de condenado com relação com o PCC
Marçal viola a legislação eleitoral, desafia a Justiça, e é suspeito de relação com o PCC
As redes sociais produzem de forma recorrente “fenômenos” que precisam ser investigados – literalmente. E agora que plataformas como Instagram e YouTube se transformaram em mais uma porta de entrada para a política, é preciso ir além. Não é apenas a personagem de memes, foto perfeita, vídeo bem editado ou fala convincente, construída com as melhores técnicas de marketing. Quem se propõe a representar a sociedade, os interesses dos cidadãos, em qualquer nível, precisa ser conhecido também no mundo real.
Conhecer a pessoa real por trás do personagem das redes nem sempre é fácil para a maioria. Como saber se o sorriso ‘fofo’, o discurso envolvente, a carinha bonita não é de alguém com crimes em seu currículo ou envolvido com organizações criminosas, a exemplo do PCC?
Também não é fácil entender por que profissionais experimentados, forjados na “defesa” da lei, saem publicamente em defesa de “personagens” de rede social sem investigar quem é de fato o “ator” que o representa.
Os deputados federais Alfredo Gaspar de Mendonça (União) e Fábio Costa (PP) resolveram “surfar” na onda da direita e saíram em defesa de Pablo Marçal. O candidato tem uma condenação no currículo e a forte suspeita de proximidade com o PCC e é acusado de pagar para que “cortes” de vídeos seus sejam reproduzidos por outros influenciadores.
Marçal viola a legislação eleitoral, desafia a Justiça, é suspeito de relação com o PCC e, sem investigar o caso, os dois deputados saíram em defesa de Marçal e (inacreditável) contra uma decisão judicial.
Para quem não conhece, Gaspar fez carreira como promotor de Justiça e secretário de Segurança de Alagoas, destacando-se em grandes operações de combate ao crime organizado. Fábio Costa, servidor da PC Alagoas, ganhou fama com o seu trabalho como delegado combatendo o crime.
O promotor e o delegado viraram políticos e, como tais, saíram em defesa de Marçal como deputados. Pode ser que queiram surfar na onda ou, quem sabe, defender alguém que, talvez imaginem, pense como eles. A pergunta é se fariam o mesmo se não fossem deputados.
Direita Surfando
O registro a seguir é feito com informações do Jornal Extra Alagoas:
“Direita alagoana tenta surfar em onda extremista de Pablo Marçal em SP”
Alfredo Gaspar, Fábio Costa e Marx Beltrão manifestaram apoio por meio de vídeo nas redes sociais. A recente decisão liminar da Justiça Eleitoral, que determinou a remoção das redes sociais do candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, resultou em uma onda de apoio por parte de três deputados federais de Alagoas, todos conhecidos por suas posições de extrema-direita.
Os deputados federais de Alagoas, Alfredo Gaspar (UB), Fábio Costa (PP) e Marx Beltrão (PSD), manifestaram apoio a Marçal por meio de vídeos publicados em suas redes sociais, apesar das controvérsias que cercam o candidato, que chegou a ser preso por furto qualificado.
Gaspar, ex-promotor de Justiça, e Costa, delegado licenciado, estão sendo criticados por sua aliança com Marçal, que tem um histórico de envolvimento com práticas questionáveis.
Já em 2018, o MPF (Ministério Público Federal) de Alagoas ingressou com nove ações por improbidade administrativa contra Beltrão, processos referentes ao período em que ele era prefeito de Coruripe.
Golpes Bancários
Registros do processo que correu na 11ª Vara Federal em Goiânia, na investigação que apurou ações de criminosos condenados por desviar dinheiro de contas bancárias, mostram como foi a atuação do candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), no episódio.
A ação começou em 2005, ocasião em que Marçal chegou a ser preso temporariamente, quando tinha 18 anos. Em 2010, ele foi condenado a quatro anos e cinco meses de reclusão por furto qualificado (artigo 155 do Código Penal) pela Justiça Federal. Um recurso só foi analisado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) em 2018. Em razão da demora para o tribunal apreciar o caso, houve prescrição punitiva – ou seja, Marçal, embora considerado culpado, não cumpriu a pena.
Conforme as investigações, o influenciador trabalhava diretamente para Danilo, líder da organização criminosa, capturando e-mails. Esses endereços eletrônicos eram utilizados pelos golpistas para enviar programas maliciosos que roubavam dados das contas bancárias das vítimas. No entanto, o ex-coach também atuava enviando e-mails que continham malware (software malicioso), sempre com supervisão de Danilo.
Marçal também era responsável por fazer a manutenção dos computadores utilizados pelo grupo para aplicar os golpes. Isso porque, uma vez feita a operação, o dispositivo era infectado e precisava ser formatado.