Política

Rafael “vai de graça”, JHC “Vai de Bet”: prefeito ajudou Gusttavo Lima a promover apostas em Maceió

O atual prefeito, no entanto, deve explicações sobre a participação da Vai de Bet nos eventos públicos da capital

Por Blog do Edivaldo Júnior 24/09/2024 09h09
Rafael “vai de graça”, JHC “Vai de Bet”: prefeito ajudou Gusttavo Lima a promover apostas em Maceió
JHC e Gusttavo Lima falam no palco do São João Masayó 2024, patrocinado pela Vai de Be - Foto: Reprodução

Enquanto o candidato do MDB à prefeitura de Maceió tenta emplacar a “tarifa zero” como principal proposta de campanha nas eleições deste ano, o prefeito que concorre à reeleição deve explicações sobre a participação da “Vai de Bet” em eventos pagos com dinheiro do contribuinte.

Com o “vou de graça”, o deputado federal Rafael Brito (MDB) promete acabar com as tarifas de ônibus a partir do próximo ano. Ele garante que o município, que já paga mais de R$ 60 milhões por ano as empresas de transportes públicos, tem recursos para isso.

Já João Henrique Caldas, o JHC (PL) promete continuar com investimentos e avanços em áreas importantes, a exemplo da saúde e educação. O atual prefeito, no entanto, deve explicações sobre a participação da Vai de Bet nos eventos públicos da capital. No verão Massayó, a plataforma de apostas envolvidas num suposto esquema de lavagem de dinheiro, que patrocinou o evento, chegou a colocar ônibus de graça para transportar as pessoas que participaram dos shows no estacionamento de Jaraguá.

Em junho, a Vai de Bet foi novamente a grande patrocinadora do São João de Maceió. Nos dois eventos, no entanto, a prefeitura não publicou o contrato de patrocínio, nem a sua prestação de contas. Mais grave, no São João, o cantor Gusttavo Lima, que recebeu R$ 1,2 milhão para se apresentar no evento, rodou uma roleta para promover a Vai de Bet. Agora, ele próprio, teve pedido de prisão decretado.

Entenda


Após utilizar o palco do São João de Maceió, ao lado do prefeito JHC (PL), para promover a empresa Vai de Bet, o cantor Gustavo Lima teve a prisão decretada nesta segunda-feira (23), durante os desdobramentos da Operação Integration, da Polícia Civil de Pernambuco, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo casas de aposta.

Aliado do prefeito de Maceió, o cantor sertanejo foi contratado por dois anos seguidos com o maior cachê pago a artistas durante o São João da capital alagoana, em 2023 e 2024. Patrocinadora oficial do evento, a Vai de Bet é uma das empresas alvo da operação que prendeu, entre outros acusados, a influenciadora Deolane Bezerra.

Em Maceió, Gusttavo Lima chegou a fazer um jogo de cassino em cima do palco do evento, pago com dinheiro público. Em outro momento do show, JHC apareu ao lado do "embaixador" para cumprimentar o público. As imagens foram divulgadas nas redes sociais do prefeito.

Para embasar a justificativa da prisão de Gusttavo Lima, a juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, cita que o cantor deu "guarida a foragidos" e cita uma viagem de Goiânia para a Grécia que o artista fez com o casal de investigados na Operação Integration, José André e Aislla.

"No dia 7 de setembro de 2024, o avião de matrícula PS-GSG retornou ao Brasil, após fazer escalas em Kavala, Atenas e Ilhas Canárias, pousando na manhã do dia 8 de setembro no Aeroporto Internacional de Santa Genoveva, em Goiânia. Curiosamente, José André e Aislla não estavam a bordo, o que indica de maneira contundente que optaram por permanecer na Europa para evitar a Justiça", afirmou.

José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques da Rocha são sócios da Vai de Bet. Segundo a decisão, o cantor adquiriu, no dia 1º de junho deste ano 25% da empresa, o que, na avaliação da juíza, representa indícios de participação do cantor no esquema.

Segundo o G1, a juíza diz ainda que a manutenção das prisões é necessária e não pode ser vista "apenas como uma medida punitiva, mas como um mecanismo de proteção da sociedade e um meio de garantir que a Justiça prevaleça. Somente assim será possível evitar que a impunidade se perpetue e que os direitos dos cidadãos sejam efetivamente defendidos".

O mandado de prisão preventiva foi expedido após o Ministério Público devolver o inquérito à Polícia Civil, pedindo a realização de novas diligências e recomendando a substituição das prisões preventivas por outras medidas cautelares.

No mandado de prisão, a juíza afirma também que não vislumbra, "no momento, nenhuma outra medida cautelar menos gravosa capaz de garantir a ordem pública".