Política
Novos filiados e novas tendências: disputa interna fortalece PT em AL
Depois de quase quatro décadas, o partido voltou a crescer em Alagoas com o surgimento de novas tendências e o aumento de filiados
Nos últimos 40 anos, o Partido dos Trabalhadores viveu sob comando de um mesmo grupo em Alagoas. Ao longo desse período, vozes divergentes surgiram, mas nunca ecoaram forte o suficiente a ponto de provocar mudanças ou de levar ao crescimento do PT.
Vencidos, no passado, muitos petistas preferiram trocar de partido ou abandonar a militância. Agora o PT de Alagoas vive uma disputa interna diferente, dentro das regras partidárias e pautada num debate democrático.
Diferente de outros momentos, depois de quase quatro décadas, o partido voltou a crescer em Alagoas com o surgimento de novas tendências e o aumento de filiados.
No último dia 14 de dezembro, o presidente do PT em Maceió, Marcelo Nascimento, lançou o Movimento PT, tendência que surge no processo de ebulição da legenda em Alagoas. Ela se soma a Resistência Socialista, liderada pelo único deputado estadual do PT em Alagoas, Ronaldo Medeiros, lançada no Estado no final de 2023.
A tendência ainda dominante no PT alagoano é a Construindo Um Novo Brasil, que é liderada pelo deputado federal Paulão, único de esquerda na bancada federal alagoana. A CNB tem o controle do diretório estadual, que é presidido por Ricardo Barbosa, aliado de Paulão.
O PT de Alagoas tem ainda outras tendências, a exemplo da Democracia Socialista (DS), Articulação de Esquerda (AE), que participaram ao lado da Resistência Socialista (RS) do ato de lançamento do Movimento PT, numa sinalização que podem se articular em torno das eleições para o novo diretório estadual, prevista para julho do próximo ano.
Além destas, a CNB - que não participou do lançamento do Movimento PT - e outras tendências iniciaram uma campanha de filiação partidária aparentemente visando a disputa pelo controle do diretório estadual. Ricardo Barbosa e Ronaldo Medeiros, por exemplo, têm feito mobilização no corpo a corpo e até pelas redes sociais.
Todo o processo tem sido, aparentemente, marcado por uma disputa democrática. Dois dos principais líderes petistas da atualidade em Alagoas conseguem dialogar, como destacou Ricardo Barbosa, presidente do diretório estadual, ao destacar um encontro realizado em novembro passado entre Paulão e Ronaldo Medeiros.
“Como presidente do PT, saúdo a iniciativa das duas principais lideranças do nosso partido em Alagoas, Paulão e Ronaldo Medeiros, por se reunirem para um diálogo direto e construtivo. Esse gesto fortalece o PT e demonstra maturidade política em prol da unidade e do avanço de nossos ideais. Seguimos juntos na luta por um partido cada vez mais forte e comprometido com as pautas da sociedade alagoana.”, disse Barbosa nas redes sociais.
Nesse embalo, quem sai ganhando é o PT. Literalmente. Ou melhor, numericamente. Para se ter ideia, nas eleições de 2022 o partido era o sétimo maior do Estado, com 9.688 filiados, ja nas eleições deste ano, era o quinto maior de Alagoas, com 11.980 filiados, um aumento de 23%.
A disputa interna pode levar ao aumento no número de filiados, mas também alimenta o debate na legenda. Líderes de tendências diferentes, a exemplo de Ronaldo Medeiros, Marcelo Nascimento de Paulão, conseguem dialogar sobre o presente e o futuro do partido, o que pode apontar para uma disputa na base do voto pelo controle do diretório estadual ou para uma composcompos
Para isso, no entanto, a CNB que controla sozinha o diretório estadual teria de abrir mão de parte do seu poder ou tentar manter o controle no voto. Mas essa é outra história.