O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL), anunciaram uma ampla aliança política em abril de 2023. O acordo fechado com a participação de outros deputados federais, incluindo Alfredo Gaspar, Marx Beltrão e Fábio Costa, tinha como objetivo formar um grupo para disputar o governo de Alagoas e uma das vagas para o Senado em 2026.

A expectativa era que Arthur Lira, ao ajudar a “limpar o terreno” para JHC, tirando da disputa pela prefeitura de Maceió em 2024 o ex-deputado estadual Davi Davino Filho e Alfredo Gaspar, tivesse o apoio de JHC na disputa para o Senado em 2026.

O acordo começou com Lira e seu grupo indicando vários secretários do governo de JHC e a promessa de que o presidente da Câmara dos Deputados indicaria o vice de JHC.

Não foi o que aconteceu. JHC decidiu indicar para a vaga de vice o ex-senador Rodrigo Cunha. E com isso abriu vaga para a mãe dele, Eudócia Caldas, que era suplente, assumir o Senado por mais de dois anos.

O movimento foi interpretado na política como uma espécie de reserva de mercado para o próprio JHC, que poderá disputar o Senado em 2026 – e não o governo – se colocando em rota de colisão com o presidente da Câmara dos Deputados.

Pior. Além de preterir Arthur Lira na indicação do vice, JHC reduziu, na sequência os espaços do PP na sua gestão e abriu uma crise com Davi Davino Filho. O ex-deputado rompeu com JHC, deixou o grupo de Arthur Lira e já avisou que pode ser candidato ao Senado, complicando ainda mais os projetos do presidente da Câmara.

De acordo com um influente interlocutor, Arthur Lira estaria irritado com JHC, ao ponto de avaliar o rompimento com ele. “Eles estão cada vez mais distantes. O JHC nunca declarou apoio a Arthur Lira e a Arthur Lira anda desconfiado que o JHC quer a vaga de Senado”, afirma.