Política

ONG de Maceió com sede em prédio da Prefeitura recebeu R$ 26 milhões em emendas de políticos do DF

Recursos seriam para projetos em Brasília, mas instituição não tem histórico comprovado na região

Por Redação com Metrópoles 24/01/2025 14h02 - Atualizado em 24/01/2025 16h04
ONG de Maceió com sede em prédio da Prefeitura recebeu R$ 26 milhões em emendas de políticos do DF
Prefeito JHC no dia de inauguração do CACs de Maceió, que é administrado pela ONG Econacional - Foto: Ascom Maceió

Deputados e senadores do Distrito Federal destinaram R$ 26,6 milhões em emendas parlamentares para o Instituto Econacional de Desenvolvimento, uma ONG localizada no centro de Maceió, Alagoas. A instituição opera em um prédio da Prefeitura de Maceió, onde funciona o Centro de Atendimento e Cuidados ao Servidor Público (CACs), inaugurado em 2023.

O destino dos recursos que deveriam financiar projetos de empoderamento feminino e empreendedorismo no Distrito Federal levanta questionamentos. Funcionários da Econacional não souberam informar se a instituição desenvolve atividades em Brasília ou se possui estrutura física na região. Segundo Éverson Pontes, diretor-administrativo da ONG e servidor dos CACs, a Econacional foi contratada pelo município para administrar o centro, mas ele não pôde detalhar os projetos que justificam os repasses milionários.

Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta falta de transparência na execução de recursos públicos pela ONG. O site oficial e as redes sociais da Econacional não trazem informações sobre atividades fora de Maceió, e as postagens mais antigas, de agosto de 2023, referem-se apenas aos CACs.

O deputado Rafael Prudente (MDB), líder da bancada do DF, afirmou que a escolha da ONG ocorreu devido ao "histórico de serviços prestados ao DF", mas não apresentou evidências concretas dessas atividades. Em resposta às críticas, o parlamentar detalhou que as emendas deveriam ser destinadas a capacitar 18 mil mulheres em empreendedorismo e autonomia econômica em 20 regiões administrativas de Brasília.

A Econacional, presidida por Ramalho Souza Alves, não respondeu às tentativas de contato para esclarecer o uso dos recursos e a suposta atuação no DF. Enquanto isso, a origem e a aplicação da palavra seguem sendo questionadas, ampliando a pressão por maior fiscalização e transparência no uso de emendas parlamentares.