Política

Lira desconversa sobre majoritária: “há cobranças e há possibilidades”

Lira falou, ainda que rapidamente, sobre seus planos para 2026

Por Blog do Edivaldo Junior 01/02/2025 13h01
Lira desconversa sobre majoritária: “há cobranças e há possibilidades”
Arthur Lira (PP) - Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

No último dia como presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira deu entrevista ao jornal O Globo. Falou da baixa na popularidade do governo Lula, mas evitou falar do seu futuro político – ao menos claramente. Deixou no ar que pode disputar um cargo majoritário - governo ou Senado - dependendo do grupo político.

Sobre se aceitaria um convite para assumir um ministério, especificamente o da Agricultura, ele foi econômico nas palavras: “não falo sobre conjecturas”, resumiu. Ao ser emparedado se teria, como ministro, dificuldades de prestar contas ao PT, foi mineiro: “Não tenho nenhum problema com ninguém. Tenho amigos do PT ao PL.”

Lira falou, ainda que rapidamente, sobre seus planos para 2026. Na verdade, conseguiu falar, sem deixar claro o que pretende, se concorrer a um cargo majoritário ou se vai para a reeleição.

“A vida em Alagoas é de muito trabalho. Sempre há cobranças por ascensão a cargos majoritários, como governador, vice ou senador. Isso depende do grupo político, mas há a possibilidade”, desconversou.

Na prática, Lira é pré-candidato ao Senado. E vem trabalhando muito forte nessa direção. E teria, inclusive, um acordo fechado com o prefeito de Maceió, JHC, que seria o candidato a governador da chapa. Ele teria ainda possibilidade de fazer uma aliança informal com o grupo de Paulo Dantas. Mas essa é outra história.

Veja os principais trechos da entrevista de Arthur Lira ao O Globo.


Entrevista: Lira diz que só reforma ministerial 'não salvará' o governo e defende 'arrumação de baixo para cima'

Às vésperas de deixar cargo, deputado defende mudanças na economia para Lula recuperar popularidade, diz que a Casa está sub-representada na Esplanada e não garante apoio de seu partido ao petista em 2026.

O governo Lula registrou reprovação maior que a aprovação pela primeira vez. A que isso se deve?

O governo foi eleito com uma pauta social muito forte. Isso tem custos, mas tem que ter responsabilidade fiscal. Não é fácil equilibrar. Quando parte da população que votou no governo e outra parte que votou contra começam a caminhar para o mesmo lado (para a insatisfação), é lógico que baixa a popularidade. Não é com uma varinha de condão que vai resolver. Eu tenho a impressão de que o governo vai ter que arrumar do primeiro andar para a cobertura. Não adianta mudar só a cobertura.

O que isso significa?


O primeiro andar é a economia, emprego, inflação. É o sentimento popular, se há alguma coisa melhorando a vida. Depois (no segundo andar) tem a credibilidade política. O governo está com deficit, com dificuldades no Parlamento, na relação institucional. É preciso solucionar.

A dificuldade se resolve com mudança na articulação?


É fato que é necessária uma reforma ministerial. As nomeações originais da Esplanada foram feitas no calor da PEC da Transição. Ainda acho que o Senado ficou mais prestigiado que a Câmara e, no final, a Câmara votou mais fácil com o governo do que o Senado. Existem partidos que estão menos representados e dão mais votos. O governo deve ajustar isso, se entender que é a maneira de conseguir apoios. Deve haver arrumação de baixo para cima. Só em cima, não salvará, não resolverá. O Lula é um animal político muito experiente, mas não pode estar na linha de batalha. Tem que ter gente brigando.

Na articulação política?

Sim, em todos os aspectos. Há um desencontro do governo com o próprio governo, entre áreas do governo. Não há uma sintonia. Mas, é o momento agora de tentar fazer, olhando para todos os aspectos, inclusive econômicos.

O senhor defende o apoio do PP à reeleição de Lula?


Hoje temos Lula e Bolsonaro como únicos candidatos da esquerda e da direita, é assim que vejo. Bolsonaro está tão inelegível quanto Lula esteve preso em 2018. A nossa Constituição traz brechas para isso. A decisão de apoiar um ou outro precisa ser muito amadurecida. Hoje, o PP não tem essa decisão clara de que iremos para cá ou para lá.

Em 2026, cogita mudar de Casa e se candidatar ao Senado? Ou também cogita o governo de Alagoas?


A vida em Alagoas é de muito trabalho. Sempre há cobranças por ascensão a cargos majoritários, como governador, vice ou senador. Isso depende do grupo político, mas há a possibilidade.

Veja aqui a entrevista na íntegra