Após três anos e meio mergulhada em uma crise sem precedentes, o Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado de Alagoas (OCB-AL) vive um processo inédito no país. Pela primeira vez uma presidente entidade foi eleita por indicação politico partidária.

Eleita em janeiro deste ano, embora nunca tenha participado antes de nenhuma articulação ou movimento em torno da OCB estadual, a médica Verônica Medeiros, que é presidente do diretório do PL de Palmeira dos Índios declarou que deve sua indicação ao prefeito de Maceió, JHC , o JHC (PL), presidente estadual do PL.

O mais estranho é que JHC não é filiado a nenhuma cooperativa, não é dirigente de cooperativa e nem tem relação direta com o movimento do ccooperativismo alagoano. Em entrevista a jornalistas, Dra. Verônica explicou que sua indicação é resultado de sua trajetória e da exigência da OCB-AL de que o líder da entidade tenha, no mínimo, 8 anos de experiência no cooperativismo. “A minha indicação foi do prefeito JHC”, destacou.

A interferência política e partidária, algo estranho ao movimento cooperativista nacional, pode agravar ainda mais a situação da OCB Alagoas que é alvo da disputa de três grupos de cooperativistas, um liderado pela ex-presidente Márcia Túlia, outro liderado por Klécio Santos, presidente da Cooperativa Pindorama e o outro liderado por Antonino Cardozo, presidente da Unicafes-AL.

Em meio a uma recomendação judicial que deveria promover um diálogo entre as partes para por fim ao processo de intervenção judicial, a eleição de Verônica, com indicação do presidente do PL e prefeito de Maceió surge como um fato complicador. O objetivo seria, por decisão judicial, enderrar um longo processo de intervenção. Sem acordo, as partes tendem a manter a disputa em todos os campos, incluindo o judiciário e levando o caso para segunda instância.

Pior. Na verdade, pelo que disse um conhecido interlocutor que tem bom trânsito na família Caldas, a indicação seria do ex-deputado federal João Caldas. Como ele não é filiado a nenhuma cooperativa, a escolha teria recaído sobre Verônica, que além de dirigente do PL também é diretora da Unimed de Palmeira dos Índios e nessa condição se enquadra em uma das exigências para ocupar o cargo.

Verônica foi indicada ao cargo após decisão judcial pelo Conselho da OCB-AL e confirmada em assembleia realizada no dia 18 de janeiro, com presença de apenas 12 cooperativas. Para se ter ideia, hoje Alagoas tem na Junta Comercial mais de 300 cooperativas e na OCB tem mais de 100 cooperativas registradas. A assembleia foi divulgada apenas em uma publicação oficial em um jornal local e não teria, segundo várias fontes, cumprido o prazo legal.

A jornalistas, Verônica agradeceu a confiança do prefeito JHC, que “acreditou nela”, nuna clara referência de que sua indicação tem um viés político partidário, movimento que é estranho ao sistema cooperativista. As indicações de candidatos a cargos diretivos no sistema OCB sempre foram feitas historicamente por cooperativistas.

Confirmando

Em entrevista a jornalistas e confirmações do fato em diferentes reuniões, Verônica garantiu que sua indicação por JHC foi fruto de um trabalho meritocrático, a partir de sua experiência de 20 anos como diretora operacional da Unimed. Segundo ela, é pré-requisito da OCB-AL que o representante do cargo maior da entidade possua pelo menos 8 anos de experiência no setor cooperativista.

“O JHC teve a oportunidade de me indicar por esse fato, pela minha experiência e de ser uma condição sine qua non [indispensável/essencial] para a pessoa assumir lá. Então, a minha indicação foi do prefeito JHC”, reiterou.

Verônica afirmou ainda que o objetivo de seu mandato é resgatar a confiança do segmento em Alagoas. A OCB-AL vem enfrentando uma série de denúncias recentes que resultaram na intervenção judicial da organização.