Política

Município de AL é citado em denúncia da PGR contra Bolsonaro por suposta tentativa de interferência eleitoral

Relatório aponta que aliados do ex-presidente mapearam cidades com alta votação em Lula para possíveis ações no segundo turno

Por Redação com agências 19/02/2025 15h03
Município de AL é citado em denúncia da PGR contra Bolsonaro por suposta tentativa de interferência eleitoral
Procuradoria-Geral da República - Foto: José Cruz

A Procuradoria-Geral da República (PGR) incluiu o município de Olho d’Água do Casado, em Alagoas, na denúncia contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sob a acusação de planejamento para interferir no segundo turno das eleições de 2022. Segundo o documento, a cidade foi identificada como um dos locais estratégicos para possíveis ações após garantir ampla vitória ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno, realizado em 2 de outubro de 2022.

A então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar, teria solicitado um levantamento de municípios onde Lula obteve mais de 75% dos votos, utilizando ferramentas de Business Intelligence. Olho d’Água do Casado registrou um percentual ainda maior: 85% dos eleitores votaram em Lula, totalizando 4.522 votos, enquanto Bolsonaro recebeu apenas 9,83% (523 votos).

De acordo com a denúncia, o uso dessas informações era considerado fundamental para um suposto plano de manutenção de Bolsonaro no poder, visando reverter o favoritismo do adversário. O analista de inteligência responsável pela coleta dos dados, Clebson Vieira, demonstrou “perplexidade” com as solicitações e confirmou que suas análises serviram de base para as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno, período em que a corporação estava sob o comando de Silvinei Vasques.

Segundo apuração do jornal O Globo, a região Nordeste teria sido o foco principal das supostas tentativas de interferência. Uma planilha detalhou 37 cidades onde Lula obteve ampla vantagem, incluindo Capitão Gervásio Oliveira (PI), Brejo do Piauí (PI), Boquira (BA), Santa Inês (PB), Cocal dos Alves (PI), Ibimirim (PE), Solidão (PE), Araripe (CE), e várias outras localidades nos estados da Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão e Piauí.

Mensagens trocadas entre aliados do ex-presidente em um grupo intitulado “EM OFF” sugerem que a operação também analisou municípios como Porto Alegre e Pelotas, no Rio Grande do Sul, além de Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Em uma das conversas, Marília Alencar teria afirmado: “Belford Roxo o prefeito é vermelho, precisa reforçar pf”, referindo-se ao então prefeito Waguinho (Republicanos), que apoiou Lula na campanha presidencial.

Para a PGR, as mensagens revelam um esforço coordenado para interferir no processo eleitoral. As investigações apontam para uma rede de comunicação estruturada entre os envolvidos, com reuniões e deliberações sobre o uso de estratégias para influenciar o resultado da eleição, incluindo a mobilização da força policial.