Política
Renan Calheiros defende corte de subsídios e combate a supersalários na CAE
Senador assume presidência da Comissão de Assuntos Econômicos e propõe controle rigoroso dos gastos públicos
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O senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi eleito nesta quarta-feira (19) presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para um mandato de dois anos. Em seu discurso de posse, enfatizou a necessidade de racionalizar os gastos públicos, propondo medidas para reduzir subsídios concedidos à iniciativa privada e combater os chamados supersalários no funcionalismo público.
"Esta comissão tem a oportunidade de contribuir para um ajuste fiscal necessário. Nunca houve no Brasil uma racionalização efetiva dos gastos públicos. Precisamos enfrentá-los, não apenas elevando a receita, mas, principalmente, cortando excessos", afirmou Calheiros.
Um dos principais alvos do senador são os subsídios concedidos pela União, que, segundo ele, somam R$ 643 bilhões. "É preocupante ver esses benefícios sendo ampliados em vez de reduzidos, como aconteceu recentemente com a carne. Precisamos enfrentá-los com seriedade", ressaltou.
A iniciativa recebeu apoio do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do projeto de lei complementar que propõe restringir benefícios tributários em cenários de déficit primário (PLP 38/2025). "Não podemos fazer ajuste fiscal sacrificando os mais pobres. Precisamos cortar excessos e desperdícios", defendeu.
Supersalários e desperdício de recursos públicos
Além da questão dos subsídios, Renan Calheiros apontou outras frentes para o controle dos gastos públicos, incluindo o combate aos supersalários no serviço público. Ele destacou que a Constituição já prevê um teto salarial para servidores, mas a regra vem sendo desrespeitada em diversos casos.
"Os supersalários são uma afronta ao país. Quando presidi o Senado, retiramos 1.300 funcionários que recebiam acima do teto constitucional. Essa medida foi contestada no Supremo Tribunal Federal, mas nós vencemos", recordou o senador.
Outro ponto criticado por Calheiros foi o desperdício com imóveis da União, estimado em R$ 1,7 trilhão. Ele também questionou os contratos públicos mantidos pelo governo federal, que chegam a R$ 660 bilhões. "Se reduzirmos apenas 5% desses contratos, geramos uma economia significativa", calculou.
Repercussão e desafios da CAE
A posse de Renan Calheiros na presidência da CAE gerou expectativas entre seus colegas de Senado. O líder do PT, Rogério Carvalho (SE), elogiou sua experiência e destacou a importância do colegiado para garantir uma economia mais inclusiva e produtiva.
"Precisamos aprovar medidas que impulsionem o crescimento e distribuam melhor a riqueza. O Brasil precisa deixar de ser 'o país do futuro' para se tornar um país forte agora", afirmou Carvalho.
Já o líder do MDB, Eduardo Braga (AM), ressaltou que a pauta econômica será central em 2025, diante dos desafios de inflação e juros altos. "O crescimento econômico precisa estar alinhado ao controle da inflação e a uma política de juros sustentável. Não adianta crescer se os preços dos alimentos dispararem ou os juros atingirem patamares insuportáveis", alertou.
A reunião que confirmou Renan Calheiros como presidente da CAE contou com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do ex-presidente da comissão, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). A eleição do vice-presidente do colegiado está prevista para a primeira semana de março.
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