Política
Em meio a “racha interno”, PT de AL tem maior crescimento do Brasil

Os números no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizados até fevereiro de 2025 mostram que Alagoas tem 193.443 eleitores filiados a partidos políticos nos 102 municípios do Estado. Na liderança, está o MDB, com 19.306, seguido do PP (19.127), PRD (17.791) e PT (15.851).
Estes dados, no entanto, devem ser alterados nos próximos dias e, pela primeira vez, o PT deve assumir a liderança em Alagoas. Após campanha de filiação, o PT superará MDB e PP em número de filiados em No Estado. A mudança vai ocorrer depois que a legenda formalizar na Justiça Eleitoral os novos filiados, a partir de uma campanha iniciada em dezembro e encerrada no último dia 28 de fevereiro (veja abaixo).
Alagoas foi proporcionalmente o Estado onde o PT registrou o maior crescimento. No resultado geral, considerando apenas o número de filiados, ficou em oitavo.
De acordo com o Sistema de Filiação do PT, o partido tinha cerca de 21,1 mil filiados em Alagoas até o início da campanha, em dezembro. Agora, após o encerramento da campanha, são 36,6 mil filiados ou 18,9 mil a mais ou um salto de 89%. Além disso, foram impugnadas cerca de 3,6 mil filiações.
As impugnações, bem como o forte crescimento no número de filiados, reflete o clima interno do Partido dos Trabalhadores (PT) de Alagoas. A campanha de filiação se deu no momento em que existe um embate interno em renovação dos diretórios estadual e municipais, uma disputa acirrada entre duas principais lideranças petistas do momento em Alagoas: os grupos do deputado federal Paulão e do deputado estadual Ronaldo Medeiros.
Tudo indica que estes dois grupos vão para o enfrentamento nas eleições que serão realizadas em julho deste ano. O deputado estadual Ronaldo Medeiros, que lidera o processo de renovação contra o grupo que ele diz estar no comando do partido em Alagoas há 40 anos, admite o diálogo.
“Sempre estivemos abertos ao diálogo. Podemos conversar. Não vejo, no entanto, no omento possibilidade de entendimento, uma vez que nenhum dos grupos está disposto a abrir mão da cabeça (presidência) do diretório estadual”, pondera Medeiros, que deve ser candidato a presidente do PT em Alagoas.
Medeiros avalia que a tendência da qual faz parte (Resistência Socialista) tem chances de vitória, a partir da aliança que está sendo construída com outras tendências, a exemplo do Movimento PT. “Nossa luta é pelo fortalecimento e pela renovação do PT em Alagoas. E dentro destes princípios estamos abertos a conversar com qualquer grupo”, adianta.
Democracia
Marcelo Nascimento, presidente do diretório do PT de Maceió e coordenador da tendência Movimento PT, explica que a campanha nacional teve o objetivo de aumentar o número de filados ao partido. Sobre as eleições para os diretórios, antecipa que elas serão realizadas com o uso de urnas eletrônicas em cada município e as inscrições de chapas serão feitas até o final de abril.
“Qualquer filiado pode se candidatar a presidente ou qualquer outro cargo seja na municipal, estadual ou nacional, desde que este em dia com suas obrigações partidárias. Espera-se que este seja um processo democrático, onde todas as vozes e correntes internas do PT possam participar livremente do processo, sem censura, sem cercear o direito dos nossos filiados”, adianta.
Tendências
Nos últimos 40 anos, o comando do PT alagoano esteve sob a influência da corrente "Construindo um Novo Brasil" (CNB), da qual Paulão é um dos principais expoentes. Entretanto, pela primeira vez, essa hegemonia enfrenta uma ameaça concreta. Ronaldo Medeiros, líder da tendência "Resistência Socialista", articula uma candidatura própria à presidência do diretório estadual, contando com o apoio de outras correntes internas, como o "Movimento PT" e membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Por sua vez, a CNB, além de Paulão, deve apoiar a sindicalista Dafne Orion, atual presidenta do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, como candidata à presidência estadual do partido.
A disputa pelo controle do partido intensificou-se com a proximidade do término do prazo para novas filiações. O grupo liderado por Medeiros tem incentivado a adesão de novos membros, visando fortalecer sua base eleitoral interna. Essa estratégia, contudo, gerou tensões, levando a atual direção a considerar a impugnação de algumas dessas filiações, alegando irregularidades no processo de adesão. Essa questão tem sido tema de forte debate interno.
Com o encerramento das novas filiações (com direito a voto direto nas eleições deste ano), o cenário interno do PT em Alagoas permanece tenso e indefinido, mas aponta para o fortalecimento da oposição – mas nada que resolva o impasse interno. Salvo fato novo, os dois grupos, situação e oposição, irão para o confronto.
