O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), passa, há três meses, longos períodos em Brasília articulando para que sua tia, desembargadora do TJAL, seja nomeada para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Enquanto isso, o transporte escolar na capital segue em colapso, sem resposta da gestão municipal. O tema dominou a primeira sessão plenária da Câmara de Vereadores, nesta terça-feira (12), com duras críticas ao silêncio da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

Os vereadores Teca Nelma (PT) e Rui Palmeira (PSD) expuseram as falhas no serviço e apontaram a omissão do prefeito e do secretário de Educação, Victor Soares Braga, filho do juiz Braga Netto, que tomou recentes decisões favoráveis à Prefeitura de Maceió, principalmente com relação à Faixa Verde da Ponta Verde, alvo de crítica de comerciantes locais. 

Segundo os vereadores, mesmo após um convite da Câmara, a Semed não enviou representante para discutir a crise no transporte. O Ministério Público Estadual já cobrou uma solução definitiva.

“A Semed improvisou e colocou os mesmos ônibus em circulação, transportando as crianças em situação precária. As mães e pais, que antes protestaram por não terem como levar seus filhos à escola, agora registram a realidade de um transporte inadequado. Isso precisa ser resolvido urgentemente”, afirmou Teca.

Ela também lembrou que JHC está no segundo mandato sem solucionar o problema. Rui Palmeira destacou que a Semed já teve cinco secretários de Educação na gestão do prefeito, dificultando a execução de um trabalho eficaz. “Os recursos do Fundef não foram utilizados para melhorar as escolas, mesmo com dinheiro sobrando”, acrescentou.

Sumiço

Em meio a negociação sobre reajustes salarial de profissionais da área, suspensão do transporte escolar no município e críticas sobre o sucateamento na infraestrutura local, o secretário Victor Soares não concede entrevistas e também não aparece nas redes sociais. 

Outro lado

O vereador Jônatas Omena (PL), aliado do prefeito, serviu de porta-voz à Semed e afirmou à Folha de Alagoas, em entrevista publicada na quarta-feira (12), que há uma licitação em andamento para o transporte escolar em três lotes distintos, prevendo atendimento a 18 mil alunos. Segundo ele, a Semed também contratará emergencialmente 200 ônibus.

“A Semed tem apenas 22 ônibus próprios atualmente. Esse problema não é novo. Em setembro de 2016, fiz uma filmagem que teve repercussão nacional, mostrando a precariedade do transporte na época”, disse Omena.