Política

Decisão de juiz pai de secretário de JHC motiva investigação do CNJ

Juiz José Braga Neto, pai do secretário municipal de educação encerrou intervenção judicial em entidade cuja nova direção foi indicada pelo prefeito

Por Redação 07/04/2025 16h04 - Atualizado em 07/04/2025 16h04
Decisão de juiz pai de secretário de JHC motiva investigação do CNJ
Braga Neto, JHC, e o vice, Rodrigo Cunha - Foto: Reprodução

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou a apuração de supostas irregularidades cometidas pelo juiz José Braga Neto, titular da 13ª Vara Cível de Maceió. A medida decorre de uma reclamação disciplinar protocolada junto à Corregedoria Nacional de Justiça pela advogada Adriana Mangabeira Wanderley, que questiona a imparcialidade do magistrado ao encerrar a intervenção judicial na Organização das Cooperativas Brasileiras em Alagoas (OCB-AL).

Segundo a denúncia, a decisão judicial permitiu a posse de Verônica Medeiros na presidência da OCB-AL, indicada pelo prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), segundo ela própria afirmou à imprensa. Após assumir o comando da entidade, Verônica nomeou o ex-deputado federal João Caldas, pai do prefeito, como superintendente da instituição. A medida foi alvo de críticas devido à ausência de histórico do nomeado no setor cooperativista.

O processo disciplinar aponta ainda para possível conflito de interesses, uma vez que o juiz Braga Neto é pai de Victor Soares Braga, atual secretário municipal de Educação, cargo para o qual foi nomeado por JHC. A relação entre as decisões do magistrado e as nomeações realizadas pela Prefeitura de Maceió levantam suspeitas de favorecimento político.

A Corregedoria Nacional de Justiça, sob relatoria do ministro Mauro Campbell Marques, determinou o encaminhamento do caso à Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), com base na competência correcional do CNJ prevista no artigo 103-B da Constituição Federal.

Esse não é o primeiro episódio envolvendo o magistrado. Em 2020, Braga Neto foi afastado da Vara de Execuções Penais após seu filho, Hugo Braga Soares, ser investigado por envolvimento em um suposto esquema de extorsão de presos. Na ocasião, o CNJ instaurou procedimento para apurar se o juiz teria atuado em favor do filho, mas o processo foi arquivado em 2023 por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).