É do jogo. Tentar tirar o adversário da disputa antes mesmo dela começar faz parte da “tradição” política brasileira – e alagoana. Governo ou oposição sempre manobram para realizar acordos que podem “facilitar” ou “baratear” uma eleição – especialmente majoritária.

JHC por exemplo, conseguiu “limpar o terreno” na disputa pela reeleição de prefeito, no ano passado. Os principais adversários no campo dele – Alfredo Gaspar e Davi Davino Filho – deixaram de disputar a eleição de prefeito em 2024 após um acordo costurado entre o prefeito e o então presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Não foi a primeira manobra de Lira para tirar ou colocar aliados ou adversários nas disputas eleitorais. Nem será a última. Em 2022, ele teria tentado tirar da disputa (na eleição indireta) o atual governador Paulo Dantas – e quase consegue. Em 2022 foi o principal responsável pelo palanque de oposição, tendo como candidato a governador o ex-senador Rodrigo Cunha e a senador Davi Davino Filho.

Não é exclusividade de Lira. Outros líderes políticos (senadores, governadores, deputados) de Alagoas agem com as mesmas estratégias.

Para 2026 Lira trabalharia para montar um palanque de oposição, que teria como candidato ao governo o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas e como candidatos ao Senado ele e Eudócia Caldas. Na outra ponta, Lira estaria articulando em Brasília para tentar barrar a candidatura de Renan Filho ao governo.

Ex-governador, o ministro dos Transportes lidera as pesquisas de opinião e tem como principal adversário – no cenário de hoje – JHC. O problema, segundo alguns analistas, é que João Henrique Caldas pode desistir de disputar o governo e ir para o Senado, caso do candidato a governador seja Renan Filho.

Segundo um influente interlocutor, Lira tem buscado articular com o governo do presidente Lula uma “solução” para as eleições de Alagoas. E, se verdadeira a informação, o que ele propõe é que o governo tente barrar a candidatura de Renan Filho ao governo em 2026.

Na semana passada, Lira esteve com o líder do governo no Senado, como registrou a coluna de Lauro Jardim, de O Globo: “Longe dos holofotes, Arthur Lira subiu ao 23º andar do Senado na semana passada para uma longa conversa com Jaques Wagner, líder do governo Lula. Saiu com uma construção para um arranjo político em Alagoas.”

Segundo o interlocutor, Lira “está apelando para o governo impedir a candidatura do Renan Filho ao governo de Alagoas e está contra a nomeação de Marluce Caldas para o STJ”, disse, acrescentando que “Na conversa com Wagner, Lira acenou com a possibilidade de atrelar o PP com o PT na Bahia e tentou atrelar o Wagner no veto a Marluce para o STJ”