Política

Inflação de 2020 foi melhor que esperado, diz BC

Alta é temporária, mas pode afetar cenário de 2021, afirma Bruno Serra

Por Raphael Alves (estagiário) sob supervisão com Agência Brasil 12/01/2021 16h04
Inflação de 2020 foi melhor que esperado, diz BC

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, disse hoje (12) que o resultado da inflação de 4,5% em 2020, acima do centro da meta, foi "espetacularmente" melhor do que uma inflação de 2,1%, como previsto pelo Banco em setembro do ano passado. A meta projetada era de inflação de 4%. Nesta terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano passado ficou em 4,52%.

"Estamos entregando uma inflação acima do centro da meta, o que nunca é desejável. Mas, como a gente está sempre perseguindo o centro da meta, que era de 4% em 2020, 4,5% é espetacularmente melhor que os 2,1% que a gente imaginava no final de setembro", disse Serra, durante videoconferência sobre a conjuntura econômica brasileira promovida pela XP Investimentos.

De acordo com o diretor, a alta da inflação é momentânea, mas pode atrapalhar o cenário de 2021. O diretor do Banco Central explicou que a alta foi elevada pelo câmbio e pelo preço das commodities (produtos primários com cotação em mercados internacionais) que foram elevados mais do que o esperado. Segundo Serra, outros fatores de pressão para a escalada da inflação foram o dinheiro do auxílio emergencial, questões climáticas que atrapalharam as colheitas no sul do Brasil e a regulamentação na produção de petróleo da Arábia Saudita.

“Teremos uma inflação um pouco mais alta do que imaginávamos, algo que teremos que avaliar nos próximos ciclos. Mudou muito o cenário de commodities de dezembro para cá e teve uma mudança no câmbio também”, acrescentou.

Selic
Serra disse ainda que o BC deve rever em breve a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 2% ao ano, mas ressaltou que a modificação vai depender dos caminhos da política fiscal do país. "A taxa de juros estrutural da economia brasileira não é 2%. Não é a taxa em que o Brasil vai conviver em situações normais. É o nível que o Banco Central precisou colocar para perseguir a meta de inflação em um ambiente bastante típico", afirmou.

O Comitê de Política Monetária (Copom) realiza a primeira reunião de 2021, na próxima semana, mas, de acordo com Serra, ainda não deve existir mudanças na taxa da Selic. As mudanças devem acontecer após a votação do Orçamento de 2022, depois do início do ano legislativo, em fevereiro.

"É um debate que vai acontecer no devido tempo, ao longo dos próximos trimestres. O debate já está ocorrendo no mercado e é natural que ocorra do nosso lado também", afirmou.