Política

Renan Calheiros ameaça prender Fábio Wajngarten

De acordo com a Constituição, em oitivas realizadas por uma comissão, os intimados são obrigados a falar a verdade

Por Redação com UOL e G1 12/05/2021 15h03
Renan Calheiros ameaça prender Fábio Wajngarten
Foto: Reprodução

O relato de Fabio Wajngarten, ex-chefe da comunicação do governo Jair Bolsonaro (sem partido), elevou hoje a temperatura da CPI da Covid, no Senado Federal. O ápice de tensão gerada pelas respostas do publicitário ocorreu no momento em que o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), pediu uma espécie de acareação para verificar se havia ou não brecha para solicitar a prisão do depoente.

De acordo com a Constituição, em oitivas realizadas por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), os intimados são obrigados a falar a verdade, sob risco de receberem voz de prisão caso seja confirmado, em flagrante, algo que não corresponda à realidade dos fatos.

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM) suspendeu a audiência com o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, após uma sequência de falas evasivas do ex-secretário do governo. Aziz disse que Wajngarten estava mentindo na sessão.

Wajngarten foi convocado para explicar a declaração dada à revista "Veja" na qual disse que a "incompetência" do Ministério da Saúde causou atraso na compra de vacinas contra a Covid-19. O ex-chefe da Secom também havia dito, em entrevista, que o presidente Jair Bolsonaro não poderia ser responsabilizado e que havia recebido informações erradas no processo de acusação de vacinas.

Questionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), a respeito de quem havia dado instruções erradas à Bolsonaro, Wajngarten disse que o presidente afirmou que "compraria toda e qualquer vacina".

“O presidente sempre disse que compraria toda e qualquer vacina uma vez aprovada pela Anvisa”, limitou-se a dizer Wajngarten.

Depois disso, o presidente da CPI interveio: “Senhor Fábio, o senhor só está aqui por causa da entrevista da revista Veja. Se não a gente nem lembraria que o senhor existia, o senhor está me entendendo? É só por causa disso, não tem outra razão para você está aqui”.

"Não faça isso com a gente. Todo mundo aqui está aqui por uma qualidade, a única qualidade que não chega aqui é menosprezar a minha inteligência, pelo menos, nas suas respostas. Então, o senador Renan está demorando demais porque vossa excelência está o tempo todo...não está respondendo. O senhor está mentindo aqui para todos nós”, continuou Aziz. 

 “E aí ele está aqui tangenciando sobre as perguntas, depois a gente toma uma medida mais radical e aí vão dizer que nós somos isso e aquilo. Por favor, não menospreze a nossa inteligência, ninguém é imbecil aqui”, afirmou Omar Aziz.

Aziz ainda disse dar um “conselho” ao ex-secretário de Comunicação para que fosse objetivo e verdadeiro. “A gente se sente bem protegido quando tem um poder por trás da gente. Depois que não tem o poder, a gente fica abandonado e aí é o arrependimento”, afirmou Aziz.

Renan Calheiros disse que Wajngarten estava mentindo durante o depoimento ao tratar das campanhas de prevenção à doença. Aziz, na sequência, suspendeu a sessão por cinco minutos.

"Não minta. Eu vou citar um fato que vossa excelência exagerou na mentira, hoje aqui no depoimento", disse Calheiros.

Ao retorno dos trabalhos, o presidente da CPI disse que Wajngarten poderia ser dispensado caso não fosse objetivo nas respostas.

"Com todo o respeito que o senhor merece, se Vossa Excelência não for objetivo nas suas respostas, nós iremos dispensá-lo dessa comissão. Pediremos à revista Veja que mande a gravação e o chamaremos de novo, não como testemunha, mas como investigado”, disse Omar Aziz.