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Busca por clássicos crescem durante quarentena

Vendas pela internet seguiram atendendo às necessidades de quem se apegou à leitura durante o confinamento

Por Diário de Pernambuco 25/05/2020 16h04
Busca por clássicos crescem durante quarentena
Imagem ilustrativa/ Foto: Reprodução - Foto: Reprodução


Desde o início da quarentena, as livrarias, bem como o restante do comércio, tiveram que fechar as portas. O mercado editorial também entrou em crise, com lançamentos adiados e incertezas para o futuro.
 
Por outro lado, as vendas pela internet seguiram atendendo às necessidades de quem se apegou à leitura durante o confinamento. Passados dois meses do isolamento no Brasil, há registro de crescimento nas vendas on-line e uma procura especial por títulos conhecidos da literatura. Na Estante Virtual, plataforma on-line que reúne sebos e livrarias de todo o país, as vendas entre títulos literários nacionais e internacionais aumentaram 50% em abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo Erica Cardoso, gerente de comunicação e marketing da empresa.
 
Depois de um momento inicial de queda nas vendas gerais, justificada pelo adiamento do semestre letivo universitário e seu consequente consumo de livros técnicos, o momento foi da literatura. “Agora, há uma retomada do crescimento das vendas no site, o que pode estar relacionado à maior adaptação das pessoas com a nova rotina em casa. Os leitores voltaram a se conectar com a leitura e estão procurando livros para descontrair, aprender e desacelerar”, diz ela.
 
Para a gerente, “a tendência é que as vendas de livros de literatura continuem em alta, principalmente com a entrada de novos leitores, pessoas que estão aproveitando o momento para se reconectar com a leitura”. O maior aumento de visitas registrado pelo site foi de usuários entre 18 e 24 anos. Segundo as estatísticas, os clássicos e livros de história marcam presença entre os mais vendidos nos últimos meses. Abril e este mês de maio trouxeram para a lista dos “10 mais” História da riqueza do homem, de Leo Huberman (1936), o mais comprado até aqui, e Sapiens, de Yuval Noah Harari (2011).
Ambos os livros trazem explicações sobre a configuração econômica e social da humanidade. Também entraram na lista Cem anos de solidão e Amor nos tempos do cólera, do colombiano Gabriel Garcia Márquez, assim como Agosto, de Rubem Fonseca. O autor brasileiro faleceu no último dia 15 de abril, e seu livro mais conhecido, que não estava entre os mais procurados daquele mês, é o nono mais vendido em maio.
 
CLÁSSICOS 
Erica Cardoso salienta que, pela amplitude do acervo da Estante Virtual, seus números diferem de livrarias focadas em lançamentos. “Os clássicos sempre aparecem bem, mas alguns títulos tiveram mais força nesses últimos meses”, diz ela. Talvez pelo contexto da pandemia, A peste (1947), de Albert Camus, cuja trama fala justamente sobre uma epidemia, apareceu em décimo lugar, em março, quando a quarentena começou no Brasil.
 
Neste mês, subiu para a sexta posição. Revolução dos bichos (1945), de George Orwell, permanece bem ranqueado desde antes da chegada da covid-19 ao Brasil. Nesses dois meses, títulos mais recentes, que ajudam a refletir sobre a sociedade, também se destacaram. É o caso de Ideias para adiar o fim do mundo (2019), de Ailton Krenak, que surgiu entre os mais vendidos em abril e assim permaneceu no mês seguinte.
 
Na lista publicada pelo site especializado no monitoramento do mercado editorial Publishnews, Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, que não aparecia entre os 20 mais vendidos em março, foi o sétimo em abril e o quinto em maio, superando alguns títulos de autoajuda, sempre presentes nessa parte de cima da lista que considera livros de todos os gêneros.
 
A versão muito procurada foi o box triplo, que inclui Alice através do espelho e As aventuras de Alice (livro para colorir), da Editora Pandorga. Entre os 20 mais de maio, segundo o Publishnews, a coleção O essencial Sherlock Holmes, da Aeroplano, aparece em 18º, enquanto outro box, com as principais obras da escritora inglesa Jane Austen, publicado pela Martin Claret, é o 11º. No levantamento, o livro mais vendido deste mês é Ouse ser diferente, de Pedro Superti, da categoria “Negócios”.
 
Na Amazon, uma das principais empresas do mundo no comércio virtual de livros, a relação dos mais vendidos é atualizada por hora, mas há semelhanças com as outras duas listagens entre os primeiros lugares. A revolução dos bichos e Ideias para adiar o fim do mundo, por exemplo, apareceram entre as primeiras posições ao longo de maio, considerando apenas os exemplares impressos.
 
Em outra listagem, dedicada apenas ao formato digital, os ebooks apresentam maior variedade de gêneros entre os mais vendidos.  O gerente-geral de kindle da Amazon, Alexandre Munhoz, explica que desde o começo da quarentena foram feitas promoções, em parceria com editoras e autores, inclusive com disponibilização de títulos gratuitos ou a preços reduzidos.  “Notamos que há um equilíbrio entre oferta e demanda. Muitos consumidores procuram exatamente pelo que querem ler, mas outros são mais reativos ao que é colocado como opção”, diz