Turismo

Pesquisa aponta que 79% dos hotéis só têm folego financeiro para no máximo 2 meses

Sem suporte do governo federal mais da metade das empresas não passaria do próximo mês

Por Panrotas 07/05/2020 13h01
Pesquisa aponta que 79% dos hotéis só têm folego financeiro para no máximo 2 meses
Reprodução

Pesquisa realizada com 298 representantes dos setores de hotéis, condo-hotéis, resorts e parques e atrações constatou que 79% das empresas têm folego financeiro curto (de 30 a 60 dias) para suportar a queda drástica de vendas ou mesmo a situação de faturamento zero causada pela crise da covid-19. Mais da metade das empresas não passaria do próximo mês, caso o governo federal não encontre uma forma dessas empresas terem acesso a linhas de crédito específicas para o setor, já que as disponíveis no mercado não beneficiam a Hotelaria, Viagens e Turismo.

Além de terem juros altos, as linhas de crédito disponíveis nos bancos privados não atendem o setor de Hotelaria e Turismo, por ser visto como de alto risco, já que teve suas operações paralisadas e deve ter uma retomada bem lenta.

“Estamos, todas as entidades que assinam essa pesquisa, unidas como nunca antes e fazendo um trabalho intenso junto a parlamentares, Ministério do Turismo, Ministério da Economia, governadores, pois a situação é bem crítica. Já são quase dois meses sem operações em muito empreendimentos e depois do início da pandemia as linhas de crédito sumiram para nosso setor”, conta a presidente executiva da Resorts Brasil, Ana Biselli.

Essa resistência à liberação de crédito nos vários perfis de instituições financeiras precisa ser combatida pelo governo, com uma medida exclusiva para o setor.

Apoio do Senado 

O presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal, Izalci Lucas (PSDB-DF), em sessão ontem por videoconferência, fez um apelo aos colegas senadores para que ajudem o setor de Turismo. “Eles foram um dos mais afetados pela crise e estão sem fonte de receita e sem acesso a crédito. Faço um apelo aos senadores para que apoiem esse segmento no Ministério da Economia. O financiamento não chega na ponta e muitas demissões estão previstas”, disse o senador.

O advogado do Sindepat e da Resorts Brasil, Leonardo Volpatti, tem feito um trabalho em Brasília para mostrar a urgência desse acesso ao crédito e uma das argumentações foi essa pesquisa, encaminhada ontem ao Ministério da Economia. “Alguma medida vai sair, mas queremos mostrar que é preciso rapidez e urgência”, disse Volpatti.

Dados da Pesquisa 

De acordo com a pesquisa encomendada pela Resorts Brasil, Unedestinos, ABIH, Fohb, FBHA, BLTA, Adibra e Sindepat, do montante necessário de crédito para salvar as empresas ouvidas, apenas 16% já foi liberado e apenas 24% das empresas pesquisadas conseguiram algum acesso a crédito.

As justificativas mais mencionadas para a não liberação de crédito pelas empresas pesquisadas foram: morosidade/burocracia na avaliação dos processos, falta de garantia real do empreendimento e o alto risco atribuído ao setor de Turismo.

Mais da metade das empresas pesquisadas, apesar de precisar de crédito (69% delas precisarão em menos de dois meses), ainda não encaminhou a solicitação às instituições financeiras. E 53% destas empresas afirmam ter dificuldade de oferecer uma garantia real.

Houve um anúncio por parte do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, de uma linha de R$ 5 bilhões, com garantia do Fungetur, mas essa MP ainda não saiu do papel, e está em negociação com o Ministério da Economia. Alguns players do setor acreditam que a Economia vai optar por uma medida transversal que inclua o Turismo, sem se atentar para as especificidades das empresas de hospedagem, entretenimento e Turismo em geral.

“Agora que a hotelaria se organizou e está falando uma só mensagem, vamos também articular com outras entidades, de agenciamento, por exemplo, para nos unirmos por uma solução para todo o Turismo”, continua Ana Biselli.